Um inquérito lançado nesta quarta-feira nos 14 museus nacionais pretende obter “um retrato fiel” dos visitantes destes espaços, uma lacuna que a Direção-Geral do Património (DGPC) pretende colmatar e alargar o estudo aos palácios e monumentos. O processo do inquérito foi hoje apresentado aos jornalistas no Museu Nacional de Arqueologia, em Belém, onde foram colocados painéis eletrónicos com um conjunto de perguntas cujo preenchimento demora entre 10 a 15 minutos.
Duas jovens visitantes, uma portuguesa e uma italiana, foram as primeiras a responder ao questionário, depois da visita, acompanhadas por técnicos da DGCP que auxiliam em caso de dúvidas. “Este é um estudo crucial com o objetivo de traçar o perfil dos nossos públicos. Queremos obter um retrato fiel dos visitantes, conhecer as suas aspirações e expetativas para dar uma resposta eficaz e eficiente”, disse aos jornalistas o diretor-geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva.
Para o responsável, este levantamento “era um trabalho que urgia para conhecer os públicos museu a museu” e também “obter uma visão mais ampla” do perfil dos visitantes no universo dos museus nacionais. De acordo com Vassallo e Silva, nesta primeira fase o inquérito será feito nos museus e futuramente será alargado aos palácios e monumentos.
O processo tem início quando o visitante se dirige à bilheteira do museu: ao adquirir a entrada, é abordado pelo funcionário que explica o projeto e convida a responder ao questionário no painel eletrónico, no final da visita. Se aceitar, o visitante recebe uma pulseira identificadora e responde depois ao questionário, com perguntas obrigatórias e facultativas sobre os motivos da visita, como obteve o ingresso, como teve conhecimento das exposições, como avalia o acolhimento no museu e o grau de satisfação em geral.
Há também perguntas sobre as práticas culturais em geral dos visitantes, apreciação sobre outros museus conhecidos e são pedidos dados sobre o perfil pessoal, nomeadamente o sexo, a idade, a escolaridade, a residência e a nacionalidade.
Questionado pela agência Lusa sobre a extensão do questionário, José Soares Neves, diretor técnico-científico do projeto, admitiu que o questionário “é um bocadinho longo, porque é o primeiro com esta dimensão, e por isso pretende ser exaustivo”. “Nos pré-testes que foram feitos, os visitantes não se aborreceram com a extensão do questionário e consideraram-no interessante”, assinalou, comentando que este será o primeiro estudo no género nos museus nacionais. Indicou que os estudos anteriores tinham sido feitos pontualmente, e não tiveram esta dimensão, que, na totalidade, irá inquirir 30 mil visitantes ao longo de um ano.
Caterina Lilla, uma visitante italiana de 27 anos, que aceitou fazer o questionário, disse aos jornalistas, ao fim de oito minutos a preencher as respostas, que não tinha sido “nada difícil”. “É a primeira vez que estou aqui e gostei muito do museu”, disse, acrescentando que está tirar um curso de português em Lisboa para trabalhar como guia turística, e que a área de arqueologia e património lhe interessam bastante. Em cada dez visitantes é escolhido um para responder ao questionário dirigido ao público entre os 15 e os 99 anos, e apresentado com opção de quatro línguas: português, inglês, francês e espanhol.
O projeto vai decorrer com o apoio mecenático da Fundação Millennium BCP e da OniTelecom — InfoComunicações, S.A., com consultoria e orientação técnico-científica do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia — Instituto Universitário de Lisboa.