Os ganhos da hotelaria portuguesa alcançados até outubro de 2014 já ultrapassaram o total registado em todo o ano de 2013. Entre janeiro e outubro, o setor acumulou 1.987 mil milhões de euros, um pouco acima dos 1.954 milhões de euros do ano passado. Os dados referentes a outubro, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam ainda que nesse mês os turistas estrangeiros que mais aumentaram em Portugal foram os italianos.

É caso para dizer dizer ciao (palavra italiana que tanto significa “olá” como “adeus”). “A Itália esteve em queda muito tempo devido à falência de operadores de turismo que trabalhavam no mercado português”, esclarece ao Observador o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes. “São dados face a um ano que estava em queda” e “foi a recuperação de um mercado que estávamos a perder”. Em relação aos restantes países, o secretário de Estado garante que os dados são apenas o resultado de um foco maior junto dos principais mercados para o país — aqueles europeus, o Brasil e os Estados Unidos.

Mas os números contam ainda uma outra realidade: de janeiro a outubro de 2014, os alojamentos em território nacional receberam mais de 14,2 milhões de hóspedes e venderam 41,7 milhões de noites.

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O secretário de Estado do Turismo traz ainda para a equação o facto de as dormidas em território nacional terem sido o triplo daquelas na vizinha Espanha. E porquê? “A nossa estratégia de promoção [que foi alterada nos últimos dois anos] está a mostrar resultados”. Em vez de pagar anúncios, o Turismo de Portugal está agora apostado em trazer a imprensa internacional para dentro de fronteiras lusas, motivo pelo qual Adolfo Mesquita assegura que em 2014 o país recebeu uma média superior a dois jornalistas estrangeiros por dia.

National Geographic Traveler Instagram

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Isso ajuda a justificar o facto de o país ser tema recorrente em publicações internacionais — a título de exemplo, Portugal fez capa na edição de agosto e setembro da National Geographic Traveler. Adolfo Mesquita não avança números quanto às despesas associadas a estas deslocações. Explica que há uma verba para a promoção turística enquanto um todo e acrescenta que a vinda dos profissionais de informação beneficia do apoio de parceiros, sejam eles empreendimentos turísticos ou companhias aéreas.

Virando a calculadora apenas para o mês de outubro, a hotelaria nacional registou 1,5 milhões de hóspedes e 4,2 milhões de dormidas, valores que representam crescimentos de 14 e 13,9%, respetivamente, face ao mesmo mês do ano passado. Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o aumento deve-se aos não residentes cujas dormidas atingiram os 3,3 milhões — um crescimento homólogo de 14,4% — e também às dos residentes, com um aumento de 12,5% para um total de 951,5 mil. A estada média foi 2,85 noites, com os dez principais mercados emissores a registarem evoluções positivas, dos quais se destacam Itália (+31,6%), Bélgica (+30,4%) e França (+23,0%).

Tal como os dados referentes aos últimos meses, as dormidas no continente e em outubro aumentaram sobretudo no Alentejo (19,6%) e Algarve (17,1%), com a Madeira a registar um acréscimo de 5,6% e os Açores uma ligeira redução (-1,2%). A procura centrou-se principalmente no Algarve (34,9%), Lisboa (26,9%), Madeira (12,9%) e Norte (11,9%).

Para Adolfo Mesquita, a captação de imprensa internacional permitiu dar destaque a várias regiões e produtos do país, o qual admite não ser só Lisboa e Porto — a intensificação de rotas aéreas com destino ao país é uma consequência positiva, pelo que relembra a “base aérea” da Easyjet que vai estrear-se na Invicta no início de 2015. A região do Alentejo, a título de exemplo, tem beneficiado de notoriedade internacional e acumulou várias distinções ao longo de 2014.

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Imagem retirada do Twitter

Apesar do sucesso hoteleiro alcançado em 2014, Adolfo Mesquita não deixa de prever desafios para o próximo ano, alegando que ainda há muito a fazer. Os principais desafios passam por fazer crescer a rentabilidade de empreendimentos turísticos, que ainda hoje não cobram os preços desejados, quebrar a sazonalidade do destino luso e continuar a modernizar a técnicas de promoção. No fundo, o secretário de Estado do Turismo diz que está a “despolitizar a promoção”, uma vez que “estamos mais preocupados em captar turistas do que em ter um grande mediatismo interno”.