O relatório ao acidente ferroviário de Alfarelos, em 2013, concluiu que o embate de um comboio ‘intercidades’ na retaguarda de um ‘regional’ ocorreu por falta de aderência entre as rodas e o carril, causada por “fatores externos não identificados”.

O relatório final da comissão de inquérito, a que a agência Lusa teve hoje acesso, iliba os maquinistas, e refere não ter sido encontrada nenhuma anomalia ou problema técnico no material circulante e sublinha que o sistema de sinalização funcionou normalmente.

Segundo o documento, o acidente, que provocou 15 feridos e avultados danos materiais, foi causado pela “existência de condições degradadas de aderência devido a fatores externos” que não foram identificados pelos quatro elementos (dois da CP — Comboios de Portugal e dois da REFER — Rede Ferroviária Nacional) que compõe a equipa nomeada para investigar o acidente ocorrido a 21 de janeiro de 2013, no concelho de Soure, distrito de Coimbra.

“Tendo ficado comprovado que se verificaram sucessivas patinagens e escorregamentos dos comboios no troço antes do sinal da estação de Alfarelos, que nos sistemas de frenagem [travagem] dos comboios não foram encontrados indícios de mau funcionamento, e dado que não conseguiram efetuar paragem ao referido sinal, comprovou-se que o acidente teve como causa a existência de condições degradadas de aderência”, descreve o relatório.

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A falta de aderência já tinha sido apontada no relatório preliminar, elaborado pela mesma equipa e divulgado três dias após o acidente, como causa provável do mesmo.

O relatório realça, porém, que, nos dois dias anteriores ao acidente se verificaram condições meteorológicas muito adversas, tendo sido declarado alerta vermelho para diversos distritos, nomeadamente Leiria e Coimbra. O mau tempo provocou a dispersão de uma elevada quantidade de folhas e de pequenos ramos ao longo da via-férrea.

Uma norma de instrução, citada no relatório, refere que a presença de líquidos, de óleos e de folhas húmidas nos carris são fatores que modificam a aderência, sendo “especialmente perigosa” para a circulação ferroviária a presença de folhas nos carris.

O relatório preliminar assim como este relatório final foi elaborado por uma comissão de inquérito, composta por responsáveis da REFER e da CP, uma vez que aquando do acidente o organismo independente que devia investigar estes acidentes estava inativo.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, o ministério da Economia informa que, “pelas entidades envolvidas, foram e estão a ser tomadas diversas medidas com vista a mitigar o risco de recorrência de tais acidentes, cuja probabilidade de ocorrência era já de si extremamente reduzida”.

O embate de um comboio ‘intercidades’ na retaguarda de um ‘regional’, parado à entrada da estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, no concelho de Soure, na Linha do Norte, provocou 15 feridos ligeiros, que foram assistidos nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Sete pessoas foram ainda assistidas no local e nove receberam apoio psicológico das equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica.