O contabilista da Espírito Santo Internacional (ESI), a holding que controlava os negócios financeiros e não financeiros da família, Francisco Machado da Cruz, vai ser ouvido a 8 de janeiro, às 16h00, na Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES.
Nesse dia, vai ser conhecida a versão do homem que Ricardo Salgado diz ser um dos principais culpados pela crise no BES – o contabilista terá ocultado o passivo da ESI. O presidente do banco garantiu na comissão de inquérito que nunca tinha dado instruções nem conhecia a situação de passivo ocultado, pelo que Machado da Cruz agiu sem o conhecimento da administração.
No entanto, os advogados da sociedade luxemburguesa Arendt & Medernach revelaram, depois de uma reunião com o contabilista, que “os erros nas contas e a ausência de preparação nos resultados consolidados da ESI podem não ser o resultado de mera negligência, mas de uma ocultação intencional de perdas que, de outra forma, a ESI teria de ter reportado desde 2008”.
A primeira audição de 2015 está agendada para 6 de janeiro, às 09h00, para ouvir o revisor oficial de contas (ROC) e auditor do Grupo Espírito Santo (GES), José Manuel Macedo Pereira. No mesmo dia, pelas 15h00, tem início a audição de João Rodrigues Pena, presidente executivo da Rioforte.
No dia seguinte, é a vez de o controller financeiro do GES (responsável pelo controlo da informação financeira do grupo), José Carlos Cardoso Castella, responder às perguntas dos deputados. A audição arranca às 16h00.
Segue-se-lhe Isabel Almeida, diretora do BES, a 13 de janeiro pelas 09h00.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro passado e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
A suspensão dos trabalhos da comissão por altura da época de Natal e Ano Novo leva a que a contagem dos 120 dias seja interrompida.
Até ao momento já foram realizadas 20 audições, tendo sido ouvidos os supervisores, a ministra das Finanças, o líder da KPMG Portugal e altos responsáveis do BES e do GES, com destaque para o líder histórico do banco, Ricardo Salgado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.