A utilização de uma empresa fantasma criada em Londres na assinatura de um contrato de meio milhão de euros entre os empresários Carlos Santos Silva e Paulo de Lalanda e Castro é uma das operações suspeitas que está a ser investigada no quadro da Operação Marquês que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates.
De acordo com a edição de sábado do Expresso, há suspeitas de que o contrato de março de 2014 que envolve a Intelligent Life Solutions terá servido para financiar o pagamento de uma consultoria mensal a José Sócrates. Esta consultoria tinha sido facultada através da Dynamicspharma, pequena empresa farmacêutica de Lalanda e Castro, mas segundo o Expresso, a empresa terá servido para dissimular a origem dos fundos pagos ao ex-primeiro-ministro e que seria seria o Grupo Lena. O amigo de Sócrates, Carlos Santos Silva, foi administrador da Lena quando o socialista foi primeiro-ministro. Nesse período o grupo de construção com sede em Leiria ganhou muitos contratos com o Estado.
Sócrates e Carlos Santos Silva, os dois detidos, estão indiciados por suspeitas de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
No início de 2013 o ex-primeiro-ministro começou a receber 12 mil euros por mês da farmacêutica suíça Octapharma em troca de um cargo no conselho deste grupo para a América Latina. Lalanda e Castro é administrador da Octapharma, sendo acionista da Dynamicspharma, e terá também ligações à Intelligent Life Solutions LLP Questionado pelo Expresso, o empresário confirma que tem uma sociedade LLP (responsabilidade limitada) no Reino Unido.
A Intelligent Life Solutions, empresa inglesa usada no contrato é gerida por dois diretores de firmas “virtuais”, escreve o Expresso, criadas na Ilha de Man. Esta empresa fechou um contrato de aproximadamente meio milhão de euros com uma outra sociedade, a XMI – Management Investment que segundo o jornal é detida pelos irmãos Barroca, acionistas do Grupo Lena, e onde Carlos Santos Silva também tem uma participação.
Fonte oficial da Lena diz ao Expresso que o grupo assinou um contrato com a XMI para a supervisão de equipamentos nos hospitais que está a construir na Argélia, tendo esta empresa fechado mais tarde outro contrato com a Intelligent Life Solutions, a sociedade de Londres ligada a Lalanda e Castro, no quadro do mesmo negócio.