O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou terça-feira um plano de recuperação económica, que inclui um novo sistema de controlo cambial, mais investimento social e cortes na despesa pública do país que entrou em recessão.

A um dia de fechar o ano de 2014, Maduro afirmou que se colocará na frente de batalha para recuperar a economia venezuelana.

Horas antes, o Banco Central da Venezuela divulgou os mais recentes dados da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB), índices sobre os quais não facultava informações desde agosto.

O Índice de Preços no Consumidor (IPC) situou-se nos 63,6% nos últimos 12 meses, enquanto os dados do PIB mostravam a entrada em recessão, uma vez que caiu por três trimestres consecutivos: no primeiro 4,8%, no segundo 4,9% e, no terceiro, 2,3%, segundo o BCV.

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O banco atribuiu “a subida inflacionária” à onda de manifestações antigovernamentais no país.

Maduro tinha criado grande expetativa relativamente ao anúncio de terça-feira, depois de na véspera ter informado que facultaria dados do programa de recuperação da económica.

Esse plano contempla a criação de um organismo – que designou de “estado-maior” para a recuperação económica – o qual ficará responsável por coordenar todos os esforços para a saída da crise e que entra oficialmente em funções no sábado, funcionando, em Miraflores sob a direção do próprio Presidente.

“Nesse dia arrancamos já com todos os mecanismos de supervisão e controlo e vamos elevar a ‘parada’ ao máximo, desde o produtor ao consumidor, desde o importador e do sistema logístico até ao consumidor, e verificar todos os detalhes”, disse o chefe de Estado venezuelano, em conferência de imprensa.

“Vamos seguir em frente”, sublinhou Maduro, explicando que o plano de recuperação económica vai avançar em três momentos – a seis meses e a dois e a quatro anos – e terá impacto nas variáveis de crescimento, na “inflação induzida” e fará frente à queda do preço do petróleo que já se situa abaixo dos 47 dólares por barril.

Adiantou ainda que as linhas de ação incluem, além de um novo sistema cambial, uma reforma fiscal, “a otimização do gasto público”, e o reforço das reservas internacionais.

Como parte desses objetivos figura o “aperfeiçoamento do modelo económico-social de distribuição da riqueza” e o investimento em programas sociais “do modelo socialista” para os quais, assegurou, conta com os recursos em bolívares.

Insistiu ainda que todas as vicissitudes que atravessa a economia venezuelana se devem a uma “guerra económica” promovida por setores empresariais nacionais e internacionais, às quais se soma agora a queda dos preços do petróleo, fenómeno pelo qual responsabiliza os Estados Unidos.

“Todas estas dificuldades vão-nos permitir reordenar, com maior rigor, exigência e disciplina, os gastos do Estado, o investimento social e económico, a estratégia de crescimento real, a conquista de resultados no desenvolvimento e crescimento da economia”, afirmou.

O governante pediu a toda a “pátria” para entrarem em 2015 “com vontade trabalhar, com esperança, com infinita força” e, apesar de reconhecer que será “um ano de luta”, apelou para que se acredite que será um período de “grande mudança do modelo económico”, do qual sairá um novo esquema “assente no trabalho”.