Um grupo de mais de 65 biólogos de todo o mundo escreveu uma carta aberta, a ser publicada em fevereiro numa revista científica, em que afirmam que a energia nuclear é a que menos impacto ambiental tem, devendo mesmo fazer parte de uma estratégia de defesa da biodiversidade mundial, lê-se no Independent.
O grupo de cientistas pede, por isso, que se construam mais centrais nucleares e que as associações ecologistas deixem de se opor a essas construções. Segundo a carta, o mundo deve optar por usar todas as energias disponíveis, incluindo a nuclear, se quiser deixar de estar dependente dos combustíveis fósseis, como é o caso do carvão, petróleo e gás.
Entre os signatários da carta encontram-se um ex-conselheiro do governo britânico para a ciência e professores de universidades de vários países, como o Reino Unido e a Austrália. “Apelamos à comunidade ambiental e de conservação que pese os prós e contras das diferentes fontes de energia utilizando provas objetivas, em vez de confiar simplesmente em perceções idealistas do que é ‘verde'”, escrevem, admitindo estarem conscientes do “antagonismo histórico para com a energia nuclear”.
O grupo argumenta que, ao mesmo tempo que se reduzem as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera – o principal gás causador de efeito de estufa -, a utilização de energia nuclear contribuirá para a defesa da biodiversidade e a prevenção da extinção de diversas espécies animais e vegetais. Segundo estes especialistas, um pedaço de urânio do tamanho de uma bola de golfe é suficiente para fornecer a energia que uma pessoa comum gasta durante toda a vida, o equivalente a 800 sacos de carvão do tamanho de elefantes.
“A nossa principal preocupação é que a sociedade não está a fazer o suficiente para conter as emissões”, afirmou o organizador da carta, Corey Bradshaw, professor em Adelaide, ao jornal inglês. “Muitas das chamadas pessoas e organizações verdes, incluindo cientistas, têm evitado ou feito lobby ativo contra tecnologias de emissões zero comprovadas, como a energia nuclear, devido ao estigma negativo associado”, acrescentou.
O objetivo da carta é convencer o público em geral, e a comunidade científica em particular, de que a energia nuclear tem vantagens e que estas devem ser consideradas na futura política energética mundial. Só que esse entendimento varia de país para país. Enquanto a Alemanha, por exemplo, tem um plano para fechar todas as 17 centrais nucleares até 2022. Em sentido contrário está França, que continua apostada em desenvolver a energia nuclear, que já fornece 75% de toda a eletricidade do país.