O coordenador do plano de acessibilidade pedonal de Lisboa disse nesta terça-feira que se a autarquia pretende manter a cidade como um destino “na moda”, necessita de tomar medidas para que esta seja mais acessível, em termos de mobilidade. “Se nós quisermos manter o destino de Lisboa na moda, é fundamental tornar o destino de Lisboa acessível, porque se não Lisboa vai ser fatalmente cada vez menos competitiva”, afirmou à agência Lusa o arquiteto Pedro Homem de Gouveia.
De acordo com o técnico da Câmara de Lisboa, urge promover o turismo acessível na cidade, porque “cerca de 40% dos passageiros internacionais de cruzeiro que vêm a Lisboa são pensionistas, e todos os dias no aeroporto de Lisboa circulam várias dezenas de passageiros com mobilidade condicionada”.
Acresce que grande parte dos turistas que visitam a capital portuguesa, provenientes essencialmente do norte da Europa, Espanha, França, Brasil, Japão, Estados Unidos, Canadá, “está a entrar na terceira idade, tem planos de poupança-reforma e tempo livre para fazer turismo e quer ver Lisboa”, explicou o coordenador, que falava no final de um debate sobre o plano de acessibilidade pedonal, organizado pela agência municipal de energia e ambiente, Lisboa E-Nova.
A título de exemplo, e tendo por base estimativas que constam do plano, para tornar o Museu da Cidade mais acessível, serão necessários 195.724,71 euros. Já adaptar o Museu do Teatro Romano custará 29.663,48 euros, valor que ascenderá aos 78.930,34 euros no caso do Museu Rafael Bordalo Pinheiro.
No caso do Castelo de São Jorge, onde existem barreiras como pilaretes, frades, correntes e pedras, os desafios passam, por exemplo, por introduzir novos pavimentos, mas não estão contabilizados financeiramente no plano. Ainda assim, um pouco por toda a cidade continuam a persistir problemas de mobilidade, nomeadamente em “passadeiras, obstáculos no passeio, paragens de autocarro e [no] revestimento do passeio”, especificou Pedro Homem de Gouveia.
Uma das principais questões é a segurança dos peões, pelo que “é fundamental que a Câmara intervenha […] em dar prioridade à intervenção em zonas onde há muitos atropelamentos”, frisou. O plano visa “conseguir converter a Câmara Municipal de Lisboa numa máquina de eliminação de barreiras”, assim como “criar condições para que todas as entidades públicas e privadas que queiram eliminar barreiras possam fazê-lo e bem”, sintetizou Pedro Homem de Gouveia.
O responsável adiantou que das 100 ações do plano, a realizar até 2017, cerca de metade estão “em marcha”, como é o caso de planos de obras, de ações de formação e da criação de ferramentas de trabalho, tanto para os técnicos da Câmara como das Juntas de Freguesia da cidade. Para custear estas ações, a Câmara destina anualmente 3% do seu orçamento de obras e 3% de despesas correntes ao plano.