É apontado como um dos presumíveis candidatos da direita às presidenciais de 2016, mas Rui Rio continua a fugir ao tema. Falando esta manhã aos jornalistas à margem de uma conferência sobre gestão autárquica em Barcelos, o ex-presidente da câmara do Porto não se pronunciou sobre o assunto, dizendo que nunca ninguém o ouviu falar sobre presidenciais. “Ainda é muito cedo”, disse.
“É um tema de que se fala muito, mas eu não, nunca falei sobre ele. Ainda é muito cedo”, afirmou, questionado pelos jornalistas sobre se admitia a possibilidade de se candidatar à Presidência da República.
A par de Santana Lopes, que não sendo candidato oficialmente já parece estar na estrada da pré-campanha, e de Marcelo Rebelo de Sousa, que continua a ser apontado como um dos potenciais candidatos da direita com melhores hipóteses de vencer, também Rui Rio aparece no boletim das sondagens. De acordo com a edição desta semana do Expresso, Rio tem mesmo marcado para o próximo dia 10 um encontro com os seus conselheiros mais próximos para decidir o seu futuro político.
Sobre o debate que tem sido travado nos últimos dias a respeito do eventual perdão ou negociação da dívida grega, Rui Rio apelou ao “bom senso” para que não haja “um grande braço de ferro” com a Europa que, em última análise, pode traduzir-se num “choque brutal”.
“Tem de haver aqui bom senso de parte a parte. Espero que haja bom senso da Europa, e particularmente da Alemanha, e também bom senso da parte da Grécia. Se não houver bom senso de uma das partes, isto é um choque brutal. A saída da Grécia é um choque brutal, o não pagamento da dívida é um choque brutal, o colapso da economia grega é um choque brutal”, afirmou, acrescentando que, ainda assim, a Europa tem de fazer um “esforço” no sentido de entender o sentido de voto do povo grego.
Nesse sentido, o ex-autarca do Porto lembrou que “o povo grego sofreu muito” e que expressou a sua “revolta” através do voto, dando a vitória ao Syriza. “Temos de ser capazes de entender essa revolta, na medida do possível. Se formos muito firmes, se houver um grande braço de ferro, quer de um lado quer do ouro, vai correr mal”, rematou.
Regionalização na agenda, mas não para já
O ex-autarca Porto afirmou ainda que faz sentido colocar o tema da regionalização “na primeira linha da discussão política”, alegando que “o país não está bem como está”. “Todos nós temos noção de que o país como está não está bem. A forma como foi gerido ao longo dos últimos anos, da última década ou até das duas últimas décadas também não está bem. Trouxe-nos para um endividamento brutal, trouxe-nos para uma enorme despesa pública e uma fraca eficácia”, referiu.
Por isso, Rio considera que é necessário pensar “numa forma diferente de governar o país”, aproximando as decisões e os decisores. “Decidimos tanto melhor quanto mais próximos estivermos do problema”, disse.
Lembrou, no entanto, que a implementação da regionalização carece de “um longo período” de debate e admitiu que o atual período pré-eleitoral pode ser adequado para se falar sobre o tema. “Não é para fazer [já], como é lógico. É para ir pensando, ir amadurecendo”, rematou.