A UGT considera “positiva” a descida da taxa de desemprego em 2014, para 13,9%, mas sente “algumas reservas” face ao “fraco crescimento económico” até ao terceiro trimestre, afirma a central sindical. “Esta diminuição do desemprego é positiva, mas deixa-nos algumas reservas uma vez que o fraco crescimento económico (1%) registado até ao terceiro trimestre do ano não é suficiente para uma diminuição do desemprego tão expressiva”, indica a UGT em comunicado, num comentário aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o desemprego em 2014 que foram hoje divulgados.

Os dados económicos do quarto trimestre não são ainda conhecidos. De acordo com os números publicados pelo INE nesta quarta-feira, a taxa de desemprego em Portugal desceu para 13,9% em 2014, após ter chegado ao valor mais elevado de sempre no ano anterior (16,2%). Em causa estão 726 mil pessoas desempregadas, o que se traduz numa diminuição de 15,1% face a 2013, lembra a central.

A UGT recorda que o Banco de Portugal levantou “algumas reservas” quanto ao comportamento do mercado de trabalho em 2014, nomeadamente devido aos estágios profissionais financiados pelo Governo, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, que justificam “muito do emprego criado”.

“Esta é uma situação bastante preocupante, dado o carácter incerto destas medidas, uma vez que com o fim destes estágios o desemprego poderá voltar a aumentar”, sublinha. Por outro lado, os dados agora conhecidos “mostram bem a precariedade dos empregos” criados no último ano, com um maior aumento dos contratos com termo (mais 5,7%) do que contratos sem termo (4,4%), acrescenta a UGT, que considera “fundamental” o Governo promover a qualidade do emprego criado.

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A UGT chama ainda a atenção para a subida do desemprego nos últimos meses de 2014, “embora ligeiramente”, depois de 18 meses de descidas consecutivas até ao valor mais baixo em setembro (13,3%). Assim, no quarto trimestre do ano, a taxa de desemprego atingiu 13,5%, face aos 13,1% registados no terceiro trimestre. Na análise dos números hoje publicados pelo INE, a central sindical chama também a atenção para o desemprego jovem e o desemprego de longa duração.

Quanto ao desemprego jovem, apesar da diminuição “mantém-se em níveis demasiado elevados, atingindo mais do dobro da taxa de desemprego total”. A taxa de desemprego entre os 15 e os 24 anos foi de 34,8% em 2014. No que respeita ao desemprego de longa duração, também se sentiu uma descida face a 2013, menos 10,4%, mas estes desempregados há pelo menos 12 meses representam cerca de 65,5% do desemprego total, adverte a UGT.

Destes desempregados de longa duração, 67,2% estão nessa situação há pelo menos dois anos, “revelando grandes dificuldades de reinserção dos desempregados no mercado de trabalho”, acrescenta. A UGT afirma ainda que com o fim do programa de ajustamento financeiro, em 2015 “é fundamental dar prioridade a políticas que promovam maior crescimento e emprego, em especial através de mais e melhor investimento público” e também criar condições “para o reforço do investimento privado” e a “recuperação do consumo”.