Cinco mil e um. É este o número de golos do FC Porto no campeonato português. O golo que assinala o número redondo, o que fica para a história, foi marcado pelo capitão: Jackson Martínez. O colombiano voltou a encher o campo, a mostrar que está pronto para outra realidade. Já o está há muito. A equipa de Lopetegui venceu o Moreirense por 2-0. Casemiro marcou o segundo da noite.

O ritmo da partida nunca foi espetacular. Mas o FC Porto mostrou-se sempre, sempre superior. Maior e melhor que o rival, que costuma estar bem afinadinho e organizado. O reforço Hernani ficou na bancada a ver como se faz, enquanto Brahimi regressou e teve direito a qualquer coisa como dez minutos. Finalmente, Martins Indi, que cumpriu castigo, não recuperou a titularidade: Lopetegui preferiu manter Marcano. Afinal, o espanhol não comprometeu no 5-0 contra o Paços. É um dois em um do treinador basco: não destrói a moral de Marcano e envia um sinal para a equipa, de que não há lugares cativos, que todos contam. E é assim que, muitas vezes, se ganham balneários. Ou reforçam, porque ali ninguém está desorientado nem precisa de GPS.

Quaresma, com o ego cheio de borboletas e coragem, tentou imitar o que fez na semana passada e inventou logo uma trivela. Não passou muito longe. A seguir, aos 6′, Cardozo, um avançado que deu nas vistas no Vitória de Setúbal, saiu lesionado. Esta seria uma baixa importante para a equipa de Miguel Leal.

Tello e Quaresma trocaram várias vezes de corredor, e até se chegou a ver os dois no mesmo lado. A cultura espanhola moderna gosta disso: liberdade para os jogadores, superioridade numérica em zonas específicas do relvado. O Porto quase marcou aos 12′: Maicon esteve perto, mas a defesa de Moreira de Cónegos tirou a bola em cima da linha. O canto, que prometia ameaçar a baliza de Marafona, ameaçou a de Fabiano. Um contra-ataque venenoso, ainda que com tropeções e atrasos (a bola nunca era metida para a frente), finalizado por Arsénio quase ofereceu aos adeptos da casa o primeiro golo. Não passou de uma miragem: o Moreirense nunca venceu o FC Porto.

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O golo chegou aos 27′, pelo suspeito do costume, claro. Alex Sandro começou, Herrera, com um passe picado à entrada da área, inventou e Jackson finalizou. Recebeu com o esquerdo e, com alguma sorte e ressaltos, rematou com o direito, 1-0. O colombiano já marcou seis golos (em quatro jogos) ao Moreirense.

Intervalo. O FC Porto liderou na posse de bola (63%) e remates (8-5). Estava melhor, muito melhor que o rival. Mas é importante referir que este Moreirense sofreu uma senhora tareia neste mercado de inverno. Perdeu Vítor Gomes para os turcos do Balikesirspor e também Filipe Melo para o Sheffield Wednesday. Não é fácil inventar um meio-campo e injetar-lhe rotação e andamento para fazer frente a Casemiro, Óliver e Herrera.

A segunda parte foi ainda mais lenta e totalmente controlado pelos visitantes. Fabiano ainda teve de se aplicar aos 49′, após uma jogada interessante dos homens da frente do Moreirense. A seguir Jackson decidiu voltar a ser protagonista: isolou, pela esquerda, Tello e o espanhol quase marcou. Mas esse tão desejado golo que garantia a tranquilidade aos dragões, que podem beneficiar e muito do dérbi lisboeta de domingo, chegaria a meia hora do fim.

Herrera, que somava a segunda assistência, sacou o cruzamento, a partir da esquerda, Marcano falhou o cabeceamento e a bola sobrou para o segundo poste, onde estava Casemiro, sozinho. A passividade e a desconcentração da defesa foram gritantes neste lance. O brasileiro só teve de encostar, 2-0. É o terceiro golo do médio, que marcou sempre longe do Dragão (Arouca e Gil Vicente).

Tello, egoísta, não quis oferecer a Óliver um encontro com a glória. Aos 63′, decidiu dar corpo à palavra individualismo e falhou mais um golo. Tirando aquele grandíssimo livre direto contra o Paços de Ferreira, este espanhol não tem tido o vento a favor. Nem o discernimento, coordenação e capacidade de decisão. Falta-lhe serenar, assentar, colar os pés no chão. A velocidade incrível não chega. Ajuda, mas não chega. Tem tudo para ser um belíssimo jogador, mas ainda falta dar uns passos…

A seguir Fabiano fechou a porta ao golo dos homens da casa. João Pedro, curiosamente um jogador formado no FC Porto, surgiu em ótima posição, mas nada feito. O gigante Fabiano não foi na conversa. Até ao fim pouco se viu. Evandro, que nos últimos seis jogos marcou quatro golos, rendeu Tello. A dez minutos dos 90, Brahimi voltou a pisar os relvados portugueses, após cinco jogos pela Argélia no CAN. Foi Óliver Torres quem saiu.

Ponto final em Moreira de Cónegos. FC Porto soma mais três pontos e fica na melhor situação possível para domingo: sentar-se no cadeirão, esticar as pernas, comer umas pipocas e aguardar o que o universo tem para lhe oferecer. Sporting e Benfica disputam amanhã mais um dérbi lisboeta. O FC Porto ganhará sempre qualquer coisa, mas estará a torcer por uma escorregadela dos atuais campeões nacionais…