A agência de notação Moody’s informou na sexta-feira, através de um comunicado emitido em Londres, que reviu em alta a nota de várias integrantes do universo EDP, atribuindo-lhe também uma perspetiva estável. O “rating” subiu de Ba1 para Baa3, levando a que o “rating” esteja agora no nível mais baixo de “investimento de qualidade”, saindo de território especulativo (lixo).
As dívidas seniores não garantidas da EDP – Energia de Portugal e da sua filial Hidroelectrica del Cantabrico, bem como da EDP Finance, foram reclassificadas de Ba1/Not Prime para Baa3/Prime-3. A mesma melhoria foi feita nos ‘rating’ atribuídos às duas primeiras, enquanto emitentes de dívida.
Uma nota de Baa é atribuída a uma dívida de longo prazo que se considera estar sujeita a um risco moderado e, enquanto tal, possuir algumas características especulativas. Já a Prime-3 significa o entendimento de que o emitente tem uma capacidade aceitável de pagar dívidas de curto prazo. Das notas anteriores, a Ba refere-se a uma dívida considerada especulativa e sujeita a um substancial risco de crédito, enquanto a ‘not prime’ quer dizer que o emitente não tem as capacidades de reembolso próprias dos que têm as classificações P-1 (superior), P-2 (forte) ou P-3 (aceitável).
A melhoria da nota da EDP é justificada com a sua capacidade de seguir uma estratégia de desendividamento num contexto de pequenas melhorias da economia portuguesa. Acresce a consideração de o défice tarifário do sistema elétrico português estar a estabilizar.
Apesar de a Moody’s entender que permanecem riscos à rentabilidade da EDP e de esta estar mais endividada do que os seus pares europeus, também estima que o grupo elétrico está a evoluir no sentido de apresentar um perfil de investimento em 2015 consistente com uma notação de grau de investimento.
A melhoria do ‘rating’ incorpora, por outro lado, a consideração de que a economia está com uma tendência de melhoria desde o início de 2014, o que se deve refletir no consumo de energia. Levada em conta foi, também, a diversificação do grupo, tanto geográfica como de negócios, que ajudou a moderar a volatilidade dos seus rendimentos.
Do lado dos riscos, o ‘rating’ de Baa3 incorpora o efeito negativo da seca na rentabilidade, liquidez e capitalização das operações do grupo no Brasil, o risco “residual” de aumento do défice tarifário além de 2015 e o relativamente elevado endividamento e dividendo. Mas a Moody’s entende que, no seu conjunto, estes riscos são geríveis e podem ser acomodados na nota atribuída.
A perspetiva estável é baseada designadamente na consideração do “continuado e consistente” crescimento do EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) e no desendividamento. A Moody’s adiantou ainda que o “rating” pode ser melhorado se a esperada melhoria de condições envolventes se traduzir num desendividamento mais acelerado do que o projetado, enquanto, ao contrário, pode ser agravado se o desendividamento for adiado ou se o ambiente operacional da empresa se degradar de forma significativa.