O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou esta sexta-feira que o relatório da Comissão Europeia sobre pobreza revela várias contradições e advertiu que o Governo nunca escondeu os problemas do país, principalmente o peso da dívida e do desemprego.

À margem de uma visita à empresa Science4you, o chefe do Governo rejeitou que o relatório publicado por Bruxelas seja “um balde de água fria”, afirmando que os problemas macroeconómicos “estão identificados” e são “desequilíbrios que se vêm acumulando há muitos anos e em particular desde que Portugal entrou na moeda única”.

“Sabemos qual é a situação que Portugal e nunca a escondemos, Portugal é um país que tem uma dívida muito elevada, que tem ainda um nível de desemprego demasiado elevado, apesar de o ter vindo a reduzir, há algumas heranças que fomos acumulando durante muitos anos que não se resolvem em dois ou três anos”, observou.

Sobre a pobreza, Passos considerou também não existir nenhuma novidade: “O INE [Instituto Nacional de Estatística] ainda não há muito tempo trouxe os dados relativamente a 2013 quanto à pobreza e nós conhecemos esses dados, sabemos que o risco de pobreza aumentou no passado em Portugal”.

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O primeiro-ministro afirmou contudo que “parece haver neste relatório da Comissão Europeia uma certa contradição entre o que são prescrições que a própria Comissão defendeu e depois os resultados que se observam”.

“Isso sim não deixa de ser uma ironia”, registou, recomendando a Bruxelas “um bocadinho mais de articulação e de coordenação entre os diversos departamentos”.

Neste contexto, Passos referiu como exemplo a redução das transferências para prestações sociais ou o caso do aumento do salário mínimo nacional, criticado no ano passado pela Comissão.

“Todos se recordam com certeza que no final do ano passado foi conhecido um relatório da Comissão Europeia sobre a primeira avaliação pós-programa em que anotava enorme desconforto com a decisão do Governo português em ter decidido aumentar o salário mínimo nacional (…) agora depois dessa crítica imensa que fez vem reconhecer que afinal o salário mínimo nacional não tem grande relevância para efeitos de elevação de rendimentos e combate ao risco de pobreza”, referiu.