Filipe Anacoreta Correia, líder da única corrente interna que se opõe a Paulo Portas dentro do CDS-PP e organizador do evento «Mudar a Bem» marcado para dia 7 de março, afirmou esta quinta-feira ao Observador que “apesar de a coligação não ser discutida no encontro” é sua opinião que a haver coligação, esta deve ser baseada num projeto político e não num de poder”. E acrescenta que não sabe “se há condições para fazer agora um referendo” dada “a deriva em termos de rumo em que o CDS se encontra”.

O líder do “Movimento Alternativa e Responsabilidade”, sublinha a necessidade da coligação ser fechada mais cedo, criticando a indecisão de Paulo Portas. “Não se compromete com nenhuma solução, nem a de fazer o referendo, nem a de negociar a coligação”, disse ao Observador.

Anacoreta Correia afirma ainda que é necessário no CDS e no PSD “perceber se existe vontade política efetiva de fazer as reformas e de as fazer num horizonte temporal que não pode deixar de ser ético”, caso contrário “a coligação corre o risco de parecer um acordo de conveniência”.

Se “a última coligação foi um resultado do entendimento com a troika, esta tem que rasgar mais, de ser mais aberta mas também mais comprometida com as reformas de Estado”, diz Filipe Anacoreta ao Observador. Uma futura coligação entre o CDS-PP e o PSD “tem que perceber que há sinais inquietantes de mudança em toda a Europa”, referindo-se a um aumento de movimentos políticos extremistas como o partido “Syriza” na Grécia, o “Podemos” em Espanha e a “Frente Nacional” em França. Neste sentido reitera a importância de perceber “porque é que o extremismo cresce em toda a Europa”.

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Já quanto ao PS, este deve “demonstrar que faz mais do que o contrário” do que o Governo faz, num exercício de oposição por oposição, diz Anacoreta Correia. As medidas de combate à corrupção constituem outro tema que Filipe Anacoreta Correia considerou ser essencial no debate político atual e que tem aparecido “tanto à esquerda como à direita”.

O evento «Mudar a Bem» que terá lugar dia 7 de março “reúne em Lisboa um conjunto alargado de personalidades e cidadãos interessados em abordar os grandes temas de Portugal e da Europa”, de acordo com o website oficial do evento.

De acordo com Filipe Anacoreta Correia, “os partidos têm que estar ao lado das iniciativas de cidadania” que alimentam de forma crescente o debate político atual. Perante as mudanças que considera serem visíveis, “há inquietação à direita, não é só à esquerda”.