“What do I know? Where should I go?
Telling me things that I can’t see
Who am I now? Je suis enfant
Who am I now? Il y a longtemps

A sétima faixa do álbum que os Air lançaram em 2012 para dar música ao clássico de Georges Méliès, “Le Voyage dans la Lune”, lança as questões que Maria Helena não hesitou em responder quando decidiu avançar com a Lupa. Ilustradora, designer de comunicação, mãe, sabia que o caminho passava por juntar uma paixão mais recente a outra mais antiga: a estética visual às peças para casa. E nasceu uma marca de homeware que quer voar, não até à lua, mas pelo mundo.

“Queria passar do 2D [duas dimensões] para o 3D [três dimensões] e ver que o meu trabalho era utilizado nas rotinas diárias das pessoas. Que não era tão efémero como o design gráfico consegue ser. E mostrar que podia ser mais algo mais permanente”, explicou ao Observador a empreendedora de 34 anos.

Em dez anos, o percurso profissional de Maria Helena passou por várias áreas, da cerâmica ao têxtil, e a paixão pela ilustração foi crescendo, com exposições em diversas galerias de arte. Até que decidiu arriscar por conta própria e em 2013 começou a dedicar-se a 100% àquilo que hoje é a Lupa, uma marca de acessórios para a casa de alta qualidade, produzida em Portugal. A proximidade é, por isso, o lema da marca. Como se tudo fosse criado “à lupa”.

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9 fotos

A primeira coleção, produzida à mão, integra almofadas em lã 100% Merino, oriunda da Austrália (por ser a melhor) e trabalhada numa empresa da Serra da Estrela. Esta lã foi escolhida por ser “extremamente suave, delicada mas resistente, respirável e muito confortável”, explica a criadora. As peças são depois produzidas no Porto, tal como as almofadas de sentar, que são serigrafadas em séries limitadas em 100% algodão.

A comercialização é feita online, porque o cliente alvo da Lupa é global, e esta sexta-feira é conhecida oficialmente a primeira coleção da marca, na loja Piurra Furnituring, na Invicta. Para desenhar as primeiras peças, Maria Helena foi buscar inspiração ao duo francês de música eletrónica Air e ao clássico de George Méliès, que foi colorido em 2012. Por enquanto, a marca é composta por almofadas de serigrafias, mas mais tarde Maria Helena quer explorar outras “artérias, que não sejam só os têxteis”.

“Decidi começar pelos têxteis, porque além de ser uma área que gosto muito, tem esse lado de conforto na casa, que acho muito importante”, conta a ilustradora que, no final de 2013 participou no programa de aceleração de startups da UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e onde permanece com o projeto incubado.

O próximo objetivo passa por colocar as almofadas à venda em lojas internacionais, “porque o nível de qualidade e preço das peças poderá ser mais interessante para clientes internacionais”, explica. Quiçá Inglaterra, França, Alemanha ou Europa do Norte.

Apesar das ambições além-fronteiras, um dos critérios de Maria Helena é a proximidade — o facto de conhecer as pessoas que fazem as peças, das almofadas à serigrafia, faz com que esse detalhe se reflita no produto. “São peças especiais para guardar durante muito tempo”, revela. São olhos tristes que choram, mas que sorriem — 110 anos depois, a cores.

https://www.youtube.com/watch?v=J_-6I7J0Qa0

Nome: Lupa
Data: 2015
Pontos de venda: www.lupalupa.pt
Preço: 25€-120€

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