O ministro da Saúde, Paulo Macedo, lembrou, esta quarta-feira, no Parlamento, que estão a decorrer neste momento quatro concursos para contratação de médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que permitirão atribuir médico de família a 500 mil utentes, admitindo haver ainda um milhão sem médico.

Segundo o ministro, o défice de médicos de família é um problema sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve, existindo uma cobertura superior a 90% nas outras três regiões.

Contudo, Paulo Macedo lembrou que este problema é menor agora do que no passado, até porque o Governo contratou mais profissionais de saúde para os cuidados de saúde primários e adotou várias medidas com vista a aumentar o número de utentes com médico. Paulo Macedo detalhou ainda que existem atualmente nas Unidades de Saúde Familiares mais 2.806 médicos do que em janeiro de 2010, o que corresponde a um crescimento de 40% nestes anos.

Acontece que o valor apontado pelo governante como sendo o número de utentes sem médico de família não bate certo com o número divulgado recentemente pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). O estudo sobre o Número de Utentes Inscritos nos Cuidados de Saúde Primários permitiu perceber que havia, no início do mês de fevereiro, 1,28 milhões de utentes ainda sem médico de família.

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Mesmo que mais 500 mil utentes ganhem médico este ano, Paulo Macedo será mais um ministro que não conseguiu cumprir com a antiga promessa de dar um médico de família a todos os portugueses.

Ministro diz não a um hospital no Seixal e talvez a uma unidade de saúde

Questionado pela oposição sobre a situação dos cuidados de saúde na Margem Sul do Tejo, e a eventual construção do hospital do Seixal, Paulo Macedo respondeu “não” a um hospital naquele concelho, mas admitiu uma solução semelhante à encontrada para o Amadora-Sintra, para já.

“Podemos considerar uma outra unidade no Seixal, mas não um hospital”, avançou o governante, explicando que “num prazo de três anos não há recursos humanos para ter nos dois hospitais”, referindo-se ao Hospital Garcia de Orta (em Almada) e um eventual hospital no Seixal.

A autarquia de Sintra assinou, em final de janeiro, com a ARS de Lisboa e Vale do Tejo um protocolo para a instalação de quatro unidades de saúde no município, em substituição de outras já existentes, em Algueirão-Mem Martins, Queluz, Almargem do Bispo e Agualva, e em apoio ao Hospital Fernando da Fonseca.

Inquéritos do MP às mortes podem demorar entre seis e 18 meses

Depois de vários deputados da oposição o terem questionado sobre os inquéritos às mortes nas urgências neste arranque do ano, o ministro só no final respondeu. Mas sem novidades. Em resposta especificamente a Helena Pinto, deputada do Bloco, Paulo Macedo referiu que não interfere “em qualquer inspeção”, nem fala com os inspetores. Em relação às inspeções levadas a cabo pelas Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, não adiantou pormenores. No que diz respeito aos inquéritos conduzidos pelo Ministério Público, o governante apenas referiu que “entre ouvir pessoas e ter especialistas… o prazo médio varia entre seis a 18 meses”.

Outro dos temas recorrentes ao longo da audição na Comissão de Saúde foi o dos pedidos de demissão em bloco em várias unidades hospitalares. Em relação a esta matéria, Paulo Macedo referiu que as demissões não são um exclusivo deste Executivo e que já com Correia de Campos e Ana Jorge se multiplicaram pedidos de demissão, acrescentando que em períodos eleitorais estas situações, que “não são desejáveis”, se tornam mais repetitivas.

[Artigo atualizado às 14h20 com informação sobre os inquéritos às mortes]