Fernando Santos disse-o, várias vezes, e com cara de poucas preocupações: “Estou tranquilo.” O selecionador não se mostrava preocupado com isso e tinha razão, porque o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) deu-lhe razão, pelo menos parte dela — o castigo de oito jogos de suspensão que a FIFA aplicara ao selecionador nacional, em julho, foi reduzido para quatro encontros. A entidade decidiu esta segunda-feira reduzir a pena, após analisar o recurso apresentado pelo treinador e pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Desses quatro jogos aos quais a sanção foi reduzida, dois ficam suspensos. Ou seja, em teoria, Fernando Santos só não poderá estar no banco de suplentes da seleção nacional no próximo par de partidas oficiais de Portugal, contra a Sérvia, a 29 de março, no Estádio da Luz, e frente à Arménia, a 13 de junho, em Yerevan, no Estádio Vazgen Sargsyan Hanrapetakan. Ambos os jogos contam para a fase de qualificação para o Europeu 2016.

Reagindo à decisão, não se viram sorrisos rasgados nem sinais de grande euforia da parte do selecionador nacional. No local de estágio da equipa portuguesa para o jogo frente à Sérvia, Fernando Santos falou aos jornalistas, começando por dizer que preferia outro desfecho, mas referindo que estava conformado com a decisão: “Obviamente que aquilo que eu gostava, e aquilo que eventualmente esperaria, era que não tivesse sido castigado. Mas a decisão foi tomada e temos de aceitar, naturalmente.”

Apesar de atenuada, a pena impede o treinador de se sentar no banco a orientar a equipa frente à Sérvia, no próximo sábado. Fernando Santos não vê qualquer problema nisso: “Acho que até vai funcionar ao contrário. Primeiro porque confio em absoluto naqueles que lá estão e nas decisões que tomarem. E depois acho que também vai servir de tónico para os jogadores, eles vão-me dar esta vitória a mim, acredito que vamos ganhar. E é importante o apoio de toda a gente, porque uma vitória vai pôr-nos quase em França.”

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Presidente fala em “vitória de advogados”

“É uma decisão que tínhamos alguma expectativa que viesse a acontecer”, começou por dizer Fernando Gomes, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, numa declaração gravada pela Federação e enviada às redações. “Acima de tudo é uma decisão que repõe a verdade e a justiça relativamente a uma atitude menos conseguida do Fernando Santos, mas daquilo que conhecíamos do Fernando Santos, sendo uma pessoa de bem e de caráter, em nenhuma circunstância merecia uma penalidade tão dura como a que lhe foi atribuída.”

O presidente da FPF agradeceu ainda à comunicação social pela paciência relativamente ao silêncio necessário durante o processo, deixando depois algumas palavras ao corpo jurídico da federação: “Neste momento, [quero deixar] uma palavra de grande apreço e solidariedade ao Fernando Santos. (…) É uma vitória da equipa de advogados, que definindo um determinado tipo de estratégia, bem como a equipa de juristas da Federaçao Portuguesa, levaram a água ao seu moinho e conseguiram uma redução da pena, que era extremamente injustiça.”

Fernando Santos foi castigado na sequência da expulsão no Mundial 2014, no Brasil, quando era selecionador da Grécia.