Carlos Cruz, o homem que chegou a ser considerado o “Senhor Televisão”, deu uma entrevista à revista VIP onde voltou a proclamar sua inocência e a criticar a forma como foi conduzido todo o processo “Casa Pia”. “É evidente que não sou pedófilo, não sou abusador, nunca tive relações com menores de nenhum sexo”, garantiu.

A partir da prisão de alta segurança da Carregueira, o antigo apresentador de “1,2,3”, que se encontra atualmente a cumprir uma pena de prisão de seis anos pelo crime de pedofilia, teceu duras críticas à forma como o processo foi conduzido pela Justiça portuguesa.

“A minha condenação é uma condenação inevitável. Isto é um processo que nasceu mal, que foi mal investigado e quando a estrutura judicial se viu com a batata quente na mão foi fazer fugas para a frente sucessivas que chegou a um ponto de não retorno”, afirmou Carlos Cruz.

O apresentador não poupou, de resto, críticas ao papel desempenhado por “uma certa comunicação social”, que tem no processo Casa Pia “a maior nódoa da sua história”. Aliás, defendeu o antigo apresentador de “Noites Marcianas”, foi a “promiscuidade” entre essa “comunicação social e o poder judicial” que “tornou inevitável a condenação”. “Uma condenação formalmente ridícula, uma condenação por uma mera convicção, que não está fundamentada”, insistiu.

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Desafiado a comentar a decisão do conselho das Ordens Honoríficas Portuguesa, que, em janeiro, anunciou a retirada da condecoração que lhe tinha sido atribuída pela Ordem do Infante D. Henrique, o apresentador disse que, no início, teve vontade de se rir. “Dei uma gargalhada. Achei um ato farisaico. [Até] suspeito que anda aí um dedo feminino de alguma forma, porque deve haver outros casos de pessoas menos conhecidas na minha situação”, comentou.

Ainda assim, o antigo apresentador de televisão revelou que mantém a intenção de recorrer da decisão do conselho presidido por Manuela Ferreira Leite.

“A condecoração para mim não tem o mínimo significado. [Mas] não é o objeto em si que tem valor. Aquilo que tem valor nada nem ninguém me pode tirar, que é a razão pelo qual fui condecorado [referindo-se ao seu trajeto na televisão]. A história não se reescreve. A história não passa a ser diferente só porque me retiram um pedaço de lata”, sublinhou.

O principal promotor da organização do Europeu de Futebol de 2004 revelou, ainda, que esteve “duas vezes à beira do suicídio”, mas nunca por causa do processo Casa Pia. Aliás, Carlos Cruz fez questão de sublinhar que “hoje é uma hipótese” que não coloca “de maneira nenhuma”.”Estou mais do que nunca agarrado à vida”, disse para depois acrescentar que, se alguma vez encontrasse as vítimas que testemunharam contra si apenas perguntaria “porquê?”.