Nas primeiras declarações depois de ter si reeleito para a presidência da FIFA, Joseph Blatter tentou afastar-se do escândalo de corrupção que levou à detenção de antigos e atuais dirigentes da entidade. Questionado por um jornalista sobre se teme ser preso, respondeu: “Preso? Por qual motivo?”.
Sobre as acusações que recebeu de Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa, de ter participado no pagamento de dez milhões de dólares em subornos, desconversou. “Não conheço essas alegações. Se elas se encontram em algum lugar da investigação, vamos deixar que prossiga e traga resultados”, disse.
Em relação ao facto de desconhecer os casos de corrupção na FIFA, um jornalista perguntou-lhe se seria fruto de incompetência ou negligência. “Esse é um assunto que não vamos aprofundar aqui. Faz parte da investigação. Não posso responder pelo que outros dizem”, respondeu.
Blatter mostrou-se aliviado com a sua reeleição. “Estou aliviado. Por dois motivos. Primeiro, porque fui reeleito. Segundo, porque hoje de manhã tivemos uma boa atmosfera no Comité Executivo. Isso mostra que não estou sozinho. Estamos no mundo do futebol, aqueles que perdem podem ganhar amanhã, é como no futebol. Sou presidente de todos, até mesmo daqueles que não votaram em mim”, explicou.
O presidente da FIFA, no entanto, denunciou um “ódio, vindo não apenas de uma pessoa da UEFA, mas de uma organização, a UEFA”, que não entendeu que em 1998 se tenha tornado presidente.
Quanto questionado sobre Michel Platini, presidente da UEFA, que pediu a sua demissão, Joseph Blatter respondeu a uma cadeia de televisão suíça: “Eu perdoo a todos, mas não esqueço”, acrescentando estar “chocado” com as acusações da justiça norte-americana que considera uma tentativa para “interferir com o congresso” no qual foi reeleito como presidente da FIFA.
O escândalo de corrupção na FIFA
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou na quarta-feira nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Dos restantes dirigentes indiciados fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.
A FIFA suspendeu provisoriamente 11 pessoas de toda a atividade ligada ao futebol: os nove dirigentes ou ex-dirigentes indiciados e ainda Daryll Warner, filho de Jack Warner, e Chuck Blazer, antigo homem forte do futebol dos Estados Unidos, ex-membro do Comité Executivo da FIFA e alegado informador da procuradoria norte-americana, que já esteve suspenso por fraude.
A acusação surge depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido Webb, Li, Rocha, Takkas, Figueredo, Esquivel e Marin na quarta-feira, num hotel de Zurique, a dois dias das eleições para a presidência da FIFA, à qual concorrem o atual presidente, o suíço Joseph Blatter, e Ali bin Al-Hussein, da Jordânia.
Joseph Blatter foi reeleito na sexta-feira para um quinto mandato como presidente da FIFA, até 2018, ao vencer o jordano Ali bin al Hussein, num sufrágio realizado no 65.º Congresso do organismo que tutela o futebol mundial.
Blatter acabou por ser eleito ao final da primeira volta, depois de o seu oponente ter anunciado que não disputaria uma segunda volta.