Nuno Pereira, 34 anos, e Mafalda Valério, 29, entregaram esta terça-feira, na Assembleia da Repúbica, a petição pública “Queremos a Uber em Portugal”, com mais de 10.600 assinaturas (até à hora a que este artigo foi publicado). Objetivo: promover uma discussão política que não impeça a Uber de operar no país.

A petição “não está contra nada, mas a favor da tecnologia, do desenvolvimento e da modernização”, disse Nuno Pereira ao Observador.

A petição foi lançada no dia em que a decisão do Tribunal da Comarca de Lisboa – que aceitou a providência cautelar que a ANTRAL -Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros interpôs contra a Uber – foi tornada pública, a 28 de abril. Nuno Pereira conta que o primeiro subscritor foi Francisco Teixeira e que a mensagem se foi espalhando pelas redes sociais, tornando-se viral.

“Houve um movimento, que não esperávamos tão forte. Sentimos necessidade de promover a discussão e poder contribuir, de alguma forma, para a clarificação dos utilizadores e portugueses. Assusta-me profundamente a forma como se proíbe uma coisa que eu acho que acrescenta algo à economia”, adiantou Nuno Pereira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O empresário e utilizador dos serviços da Uber explicou que espera que a discussão contribua para fazer alterações à lei, que faça com que os operadores do mercado se sintam “mais confortáveis”. “Se for necessário a Uber fazer alterações à lei, que faça. Nós compreendemos. Faz-nos muita confusão que as coisas sejam bloqueadas sem que haja uma discussão séria e serena”, disse.

Na petição, os utilizadores escrevem que “a Uber oferece um serviço competitivo, com um preço justo e transparente, que paga impostos nos países onde opera, que cria oportunidades de emprego e que promove o empreendedorismo. Todos os pagamentos são feitos através de cartão de crédito, tornando-os transparentes e rastreáveis, o que contribui para combater a economia paralela e o branqueamento de capitais”.

Mafalda Valério explicou que “foi tudo feito de uma forma muito espontânea” e que os subscritores querem respostas. “Queremos que a decisão [do tribunal] seja feita de uma forma mais justa para os utilizadores e que não quebre um serviço que julgamos seguro. Isto é um transporte alternativo a todos os outros que já existem e por isso é que nó nos reunimos e estamos aqui”, disse.

No decorrer da decisão do tribunal – que ordenava com efeitos imediatos que os serviços da Uber fossem encerrados – , as operadoras de telecomunicações começaram, na segunda-feira, a impedir o acesso ao site, mas a aplicação móvel continua ativa.

Depois da decisão do tribunal, a empresa tecnológica anunciou que a providência “não abrangia a operação da plataforma da Uber em Portugal”, pelo que os seus serviços continuariam disponíveis. Na sequência desta declaração, a ANTRAL avançou com um processo-crime contra o representante da empresa em Portugal. A 26 de março, a ANTRAL também entregou uma petição com 5862 assinaturas contra a Uber, na Assembleia da República.