O comandante Paulo Lino Rodrigues, considerado o alegado estratega da greve que paralisou a companhia aérea portuguesa durante dez dias, foi suspenso pela TAP.

A notícia está a ser avançada pelo jornal Público. De acordo com aquela publicação, a decisão de suspender Paulo Lino Rodrigues, que nos últimos meses tem prestado assessoria ao Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), deverá vigorar até que o inquérito esteja concluído. Em último caso, o comandante poderá ser alvo de um processo disciplinar com cessação definitiva de funções.

Foi o facto de Paulo Lino Rodrigues ser, em simultâneo, piloto da TAP e assessor da SPAC, que motivou a abertura do inquérito. A TAP acredita que a acumulação de funções pode ter implicações éticas e está a avaliar se os trabalhos de assessoria prestados ao SPAC podem ter posto em causa as regras de segurança da empresa. A companhia aérea alega que Paulo Lino Rodrigues, na véspera do início dos protestos, terá estado a trabalhar como assessor do sindicato quando faltavam apenas três horas para levantar voo, violando, assim, as regras internas da TAP. As conclusões do inquérito irão determinar se existe matéria para o despedimento por justa causa de Paulo Lino Rodrigues, que enquanto piloto assinava como Lino da Silva e, como consultor, Paulo Rodrigues.

Como recorda o jornal Público, Paulo Lino Rodrigues teve um papel-chave em 2014 nas negociações com o Executivo de Pedro Passo Coelho. As conversações entre Governo e sindicatos permitiram evitar a greve de quatro dias que chegou a estar agendada entre o Natal e o Ano Novo e chegar ao compromisso possível como nove sindicatos da TAP. No entanto, em maio, terá sido Paulo Lino Rodrigues um dos principais cérebros por detrás da greve de dez dias, que, segundo o ministro de Economia, António Pires de Lima, custou à companhia aérea portuguesa 35 milhões de euros.

O sindicato emitiu um comunicado no sábado, onde garantia que era “falso que o comandante Paulo Lino Rodrigues tenha sido o estratega da greve dos pilotos” e explicava que a decisão de avançar para a greve de dez dias “foi decidida em assembleia” e votada por 434 associados, com 360 votos a favor.

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“A manutenção da greve foi da exclusiva responsabilidade da direção do SPAC, devidamente mandatada pela assembleia de empresa, que decidiu manter a mesma devido à frustração das negociações com a administração da TAP. É falso que o Comandante Paulo Lino Rodrigues tenha participado nessas negociações. É falso que a atividade do comandante Paulo Lino Rodrigues tenha tido qualquer influência nas decisões tomadas pelo SPAC no âmbito da declaração e manutenção da greve. [A direção do SPAC] repudia veementemente, porque falsas, as acusações imputadas pela TAP ao comandante Paulo Lino Rodrigues”, pode ler-se no comunicado do sindicato.

A 28 de maio, Manuel dos Santos Cardoso acabou por renunciar ao cargo de presidente do SPAC, apenas cinco dias antes de se realizar uma assembleia geral extraordinária onde o futuro da direção iria ser discutido. O sindicalista, que começava a enfrentar alguma resistência entre os pilotos – alguns estariam mesmo a avaliar a possibilidade de deixar o sindicato e formar uma nova organização -, preferiu antecipar-se à votação da moção de confiança e apresentou o pedido de demissão.

Entretanto, já são conhecidos os nomes que poderão vir a suceder a Santos Cardoso no cargo de presidente do SPAC. As próximas eleições para a liderança do sindicato terão início a 29 de junho e estendem-se depois até 3 de julho.