Quando se bebe um café fora de casa, é habitual pedi-lo sem grande especificidade. Para lá do “curto, por favor” ou do “cheio, se não se importar”, são raras as vezes em que se ouve alguém aprimorar ainda mais a demanda. Mas quem se deslocar à nova Fábrica Coffee Roasters, perto dos Restauradores, em Lisboa, e seguir os trâmites habituais do ritual, não estará a explorar devidamente o potencial da casa. Longe disso. Isto porque o que por fora parece apenas uma cafetaria com um visual muito apelativo, decorada em estilo industrial-retro (é provável que não encontre esta definição no Google), é, na verdade, uma coffee brewery. Ou seja, só lhes falta plantar o café para que a produção seja integralmente caseira. “Compramos os sacos de café verde, torramos aqui e fazemos o cupping [prova] para nos certificarmos que está em condições “, conta Stanislav Rotar, responsável pelo projeto.

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Apesar de estar de portas abertas há apenas uma semana — e ainda em fase de soft opening — esta Fábrica Coffee Roasters é uma ideia antiga de Stanislav. Mais antiga, inclusive, que o restaurante homónimo que gere uns metros acima, na Rua de São José. Sim, trata-se do mesmo Stanislav que deu nome a um dos primeiros restaurantes russos do país, aberto pelos pais, no Monte Estoril, há quase 15 anos, entretanto transplantado para Cascais e exportado para Lisboa. “Vivi uns tempos na Alemanha, em Nuremberga, e foi lá que me surgiu a ideia de abrir um espaço destes”, recorda. Estávamos em 2010. As dificuldades inerentes ao processo — afinal nunca se tinha feito uma coisa assim por estas bandas — levaram a que a ideia fosse amadurecendo sem ser concretizada. Até há um ano, altura em que assinou contrato para ficar com o espaço e começou a fazer os primeiros testes.

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O café, que chega ainda verde em sacos vindos dos países produtores, é torrado e moído no local, tanto para consumo interno — em diversas formas e contextos — como para levar para casa em embalagens de 250 ou 500 gramas. E nem se pense em chamar-lhe café artesanal, apanhando a boleia da cerveja. Nada disso. A expressão correta é, corrige Stanislav, “café de especialidade”.

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Esse mesmo café pode ser servido de diversas formas. Em expresso, normal ou duplo, mas também nas versões macchiato, americano, caffe latte ou cappuccino. O destaque, contudo, vai para as opções a que chamam brewing: Aeropress, V60, Kalita e Chemex, tudo formas diferentes de produzir e servir café de filtro de elevada qualidade, muito mais suave e aromático que a costumeira bica que se bebe por aí. Para acompanhar há pastéis de nata, croissants de chocolate e também algumas opções leves de refeição, que pode ser acompanhada com cerveja artesanal, da marca portuense Sovina.

Neste momento, a produção da casa dá origem a quatro lotes: Brasil, Etiópia, Colômbia e o blend [mistura] da casa, composto por 70% de café brasileiro e 30% etíope. Cada um tem características próprias que se revelam na prova, tal e qual os vinhos. Se o café colombiano demonstra notas cítricas, a limão e toranja, o etíope denota pêssego e noz e o brasileiro chocolate preto, laranja ou mel.

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Os grãos escolhidos, assegura o responsável, são todos da variedade arábica, mais sensível, frutada e ácida que a rival robusta, frequentemente escolhida por produtores de café expresso, pelo maior amargor e teor de cafeína. Mas a escolha não irá ficar por aqui, garante Stanislav. “A ideia é termos mais alguns lotes de outros países produtores, como a Bolívia, as Honduras ou o Panamá, que faz o melhor café do mundo.”

Aliás, o que não falta ao responsável pela Fábrica Coffee Roasters são ideias para que a marca possa crescer e fazer-se notar. Para tal, não só conta com a colaboração de David Coelho, campeão nacional de baristas, como está a preparar uma estratégia comercial para que outros espaços da cidade — restaurantes, bares e afins — comecem a servir o seu blend. Também nos planos está uma loja online, a disponibilização de utensílios para quem se queira iniciar neste mundo e, não menos importante, uma esplanada que permitirá maior visibilidade. Como Stanislav faz questão de reforçar, “isto ainda é só o princípio”. E é. Mas o futuro promete.

Nome: Fábrica Coffee Roasters
Morada: Rua das Portas de Santo Antão, 136 (Restauradores), Lisboa
Telefone: 21 139 9261
Horário: Todos os dias, das 09h00 às 21h00. O horário final ainda está sujeito a acertos, já que o espaço está em soft opening.