É no continente sul americano que as pessoas mais vezes usam a banheira. Os brasileiros lideram a lista dos povos que toma mais banhos, com uma média de doze por semana. Os menos limpos parecem ser os chineses, que ligam o chuveiro apenas uma vez a cada dois dias.

Foram estes os resultados da busca que a Euromonitor, uma agência de análise de tendências, efetuou em vários países do mundo, noticiou o El País. Ao lado dos brasileiros, estão a Colômbia e Austrália, com uma média de até dez banhos por semana. A par da China estão a Alemanha, Turquia, Reino Unido e Japão.

Um banho por dia parece ser a média mais usual. Indonésia, México, França, EUA e Espanha são alguns dos exemplos.

Os resultados surpreenderam os analistas, embora tenham encontrado uma justificação para estes dados: tudo depende das condições climatéricas das regiões em estudo. Os ecologistas têm outras teorias: os países onde se tomam menos banhos são aqueles que mais cuidados têm na utilização da água e talvez os mais cientes do perigo da utilização de produtos com sulfato, parabeno e silicone.

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Então afinal, com que regularidade devemos tomar banho? Joshua Zeichner e Ranela Hirsch, dermatologistas americanos, garantem ao Buzz Feed que tudo depende do nosso estilo de vida. A quantidade de vezes que tomamos banho e o modo como interpretamos o odor é “um fenómeno cultural”, portanto não há uma resposta definitiva para esta questão.

Na verdade, os hábitos de higiene que hoje consideramos normais foram impostas a partir dos anos vinte, numa tendência que chegou dos Estados Unidos. De acordo com um artigo publicado no Gizmodo, as necessidades de limpeza que hoje sentimos foram-nos impostas pela indústria do marketing, que estava em crescimento no início do século XX. É disso que se trata: criar necessidades e depressa oferecer soluções.

Foi então que associámos o hálito a algo desagradável e o odor corporal a algo evitável. Principalmente quando se assistiu ao êxodo rural e à concentração de mais pessoas em sítios cada vez mais fechados: do campo passou-se a trabalhar nas fábricas e depois em escritórios. Entre mulheres, a preocupação com a higiene passou a ser cada vez maior: o feminismo ganhou contornos mais vincados nos anos vinte. Com os homens americanos a lutar na Primeira Guerra Mundial, elas ocuparam os lugares vagos deles e passaram a ser um alvo da comunicação estratégica das empresas.

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No fundo, os anúncios baseavam-se numa coisa: ostracismo. Para ilustrar essa estratégia basta recordar a história de James Webb Young, que herdou muito cedo a empresa de desodorizantes Odorono.

O produto não deixava ninguém feliz, até porque danificava as roupas. Além disso, havia a crença de que esses tipo de produtos bloqueava os poros da pele e causava danos. Na altura, saiu um estudo que dizia que dois terços da mulheres recusavam-se a utilizar produtos de higiene – e elas ficaram fulas por lhes chamarem “sujas”.

Mas para Young, o marketing estava feito: ao mesmo tempo que enviavam cartas à revista que publicou os resultados do estudo, as mulheres corriam ao supermercado para encher a casa de produtos de higiene. E a Odorono viu as vendas aumentarem de um dia para o outro.

Hoje em dia, estes hábitos enraizaram-se na cultura ocidental, mas não são completamente saudáveis. Os dermatologistas Zeichner e Hirsch dizem que tomar banho com a regularidade com que por norma fazemos pode “secar e irritar a pele” e eliminar as bactérias naturais e benéficas para o corpo. Conclusão: tomar banho a mais torna-nos mais propícios a contrair infeções.

De qualquer modo, existem regiões corporais que merecem uma maior atenção na hora de cuidar da higiene corporal: são elas o rosto, axilas, os genitais, o peito e o traseiro.