A nove de julho, foram 30 os navios da Shell que partiram do porto de Dutch, no Alasca, em direção ao Ártico, para continuar a avaliar a existência de petróleo nos dois furos já realizados pela gigante petrolífera. Ao todo, a Shell já investiu perto de 7 mil milhões de dólares nesta exploração e está confiante de que vai encontrar “quantidades enormes” de petróleo – mas é não só um investimento arriscado, pois nunca antes foi explorado petróleo na região (a Shell explorou em 1989 gás natural no Ártico), mas também um investimento controverso.
A Shell já se comprometeu a abandonar a região se as primeiras perfurações, de 40 a 50 metros de profundidade em águas rasas, não encontrarem uma só gota de petróleo. Por outro lado, se a exploração for viável, a Shell compromete-se a investir, a partir de 2016, mais 1,4 mil milhões de dólares na região. Os especialistas acreditam que 20 por cento de todos os recursos petrolíferos e de gás natural ainda por explorar no mundo se encontram no Ártico, mas, por oposição, os ambientalistas alertam que as explorações podem alterar dramaticamente o ecossistema do Ártico.
Mas esse até será um dos menores problemas da Shell. Primeiro, a petrolífera anglo-holandesa terá que convencer russos, dinamarqueses e canadianos, que são, a par dos Estados Unidos, quem administra o Ártico, a deixá-la explorar a região. Por enquanto, só o Departamento do Interior norte-americano autorizou a Shell a fazê-lo. Mas a petrolífera crê que, já esta semana ou, quanto muito, na próxima, vai conseguir chegar a um consenso com os três países em falta.
No entanto, garantem os economistas, a exploração no Ártico não é viável. E não é viável porque o preço do barril de crude caiu quase para metade no último ano, e vale hoje perto de 65 dólares no mercado nova-iorquino. O preço do petróleo extraído do Ártico ultrapassaria os 100 dólares por barril. A menos que a economia do petróleo ganhe um novo impulso, a exploração seria ruinosa para a Shell com os atuais valores de mercado.