A vida pós-Governo de Yanis Varoufakis não está a ser nada fácil. Primeiro foi fotografado por uma jornalista freelancer grega quando passava férias com a mulher na ilha Egina – o lugar escolhido pelos aristocratas gregos quando querem fugir ao calor. Isto numa altura em que o país estava a ferro e fogo e discutia o futuro em Bruxelas. Agora, o ex-ministro das Finanças grego vê-se a braços com um processo judicial, sob a acusação de ter sido o responsável pela deterioração da relação da Grécia com os restantes parceiros europeus.

A história é contada pelo jornal grego Ekathimerini. Apesar de ter tido uma votação residual nas últimas eleições, o líder do Teleia e presidente da Câmara de Stylida, Apostolos Gletsos, saltou agora para as páginas dos jornais depois de ter interposto uma ação judicial contra o Yanis Varoufakis. O motivo? As decisões políticas e, sobretudo, a postura de permanente confronto e de antagonismo de Varoufakis expôs o Estado grego ao risco de represálias dos parceiros europeus.

Conhecido também pelo seu passado como ator, Gletsos acusa Varoufakis de ter agido com “dolo” ou mesmo com “extrema negligência” nos meses em que ocupou a pasta das Finanças. Mais: foi ele um dos responsáveis pela “perturbação das relações de amizade do Estado grego” com “os parceiros da União Europeia”, o que trouxe enormes prejuízos para a economia na Grécia.

Em abril, Yanis Varoufakis acabou por deixar de sentar-se à mesa com os credores por decisão do Governo grego. Escreveu-se na altura que Atenas terá sido pressionada a deixar cair o ministro depois de uma reunião informal entre os ministros das Finanças da Zona Euro, em Riga, ter ficado de tal forma marcada por um ambiente de hostilidade em relação a Varoufakis que um entendimento tornou-se, naquela altura, praticamente impossível.

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Na segunda-feira, em entrevista à CNN, Yanis Varoufakis admitiu que o governo grego “cometeu erros” à mesa de negociações e não deixou de reconhecer que tinha sido responsável por alguns deles. Ainda assim, o grego disparou, mais uma vez, contra os credores que “estavam mais interessados em humilhar” a Grécia do que em procurar um acordo “justo” e “honrado”.

O antigo titular da pasta das Finanças gregas voltou a ser muito crítico em relação ao acordo assinado por Alexis Tsipras, mesmo reconhecendo os argumentos utilizados pelo primeiro-ministro. “[Tsipras] foi confrontado com uma escolha: cometer suicídio ou ser executado. E acabou por decidir que seria o melhor para o povo grego que este governo ficasse e implementasse um programa com o qual não concorda”.

No entanto, se estivesse na posição de Tsipras, a escolha seria outra, garante Varoufakis. “Existem pessoas, como eu, que pensaram que seria mais honroso, e até mais apropriado a longo prazo, apresentar a demissão. Foi por esse motivo que me demiti. Mas reconheço que os argumentos [de Tsipras] são tão poderosos como os meus”.