A Universidade de Aveiro (UA) anunciou que uma equipa sua de investigadores identificou sequências de ADN específicas do ébola que permitem diferenciar as distintas espécies do vírus.

O trabalho dos especialistas em bioinformática e biologia computacional do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática (IEETA) e do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) da UA “abre as portas, tanto a novas formas de diagnóstico, como ao desenvolvimento de novas terapias de combate ao vírus” que, no recente surto, matou 11 mil pessoas.

“Os nossos resultados podem ser utilizados no diagnóstico do vírus ébola, uma vez que as sequências que identificámos permitem distinguir entre espécies e surtos do vírus”, congratula-se Raquel Silva investigadora do IEETA e uma das autoras do estudo.

De acordo com a investigadora, o trabalho com as sequências de ADN do ébola até agora desconhecidas pela ciência, “também pode ser aplicado no seu tratamento, já que [as sequências] estão localizadas em proteínas fundamentais para a replicação do vírus”.

A inovação do estudo da UA está no método utilizado para comparar o genoma do vírus contra uma sequência de referência, neste caso, o seu hospedeiro, sem recorrer ao alinhamento das sequências.

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“Ao identificar regiões do ADN viral que não estão presentes no genoma humano, estas sequências têm potencial para serem usadas tanto no diagnóstico como no desenvolvimento de novas terapêuticas”, aponta Raquel Silva.

Para chegar aos resultados, a equipa de investigação, que integra também os cientistas Diogo Pratas, Luísa Castro, Armando Pinho e Paulo Ferreira, recorreram à construção de novos métodos computacionais que permitiram descrever um genoma, usando informação de outro genoma. Para isso, os investigadores do IEETA/DETI não usaram amostras do vírus ébola mas sim as suas sequências de ADN, que estão disponíveis em bases de dados públicas, neste caso, no National Center for Biotechnology Information.

“Na sua maioria, estes genomas correspondem ao vírus ébola do surto iniciado em 2014 na África Ocidental [Guiné, Libéria e Serra Leoa], mas também foram incluídas sequências provenientes de surtos anteriores e das várias espécies do vírus ébola”, explica Raquel Silva.