Como futebolista, Michel Platini, hoje com 60 anos, foi um líder, um virtuoso, um “dez”, de cabelo ondulado e farto, bola presa como que por íman ao pé direito, drible estonteante e capaz de romper por qualquer defesa adentro. E foi tudo isso, e sobretudo, no Saint-Étienne e na Juventus, onde fez, em média, mais de 20 golos por época, fora as tantas assistências — mas também o fez na Seleção gaulesa, para mal dos nosso pecados, portugueses, no Euro 84.

Platini não é um bem-amado. A verdade é que nenhum grande futebolista o foi. Mas ele, Platini, é, apesar de franceses também o serem Just Fontaine ou Raymond Kopa, Cantona ou Zidane, para muitos, o melhor futebolista que França já teve. A liderança dos relvados, transportou-a para os gabinetes. Em 2007 chegou à presidência da UEFA. Mas chegou, e sempre se alvitrou isso, a pensar em voos mais altos, quem sabe a FIFA.

O presidente da UEFA sempre foi um crítico de Sepp Blatter. Porém, o francês, recorde-se, apoiou as candidaturas do suíço em 1998, 2002 e 2007. Na última, em 2011, a rotura já se fazia notar e a UEFA absteve-se de dar apoio ao presidente da FIFA, que acabaria, no entanto, por ser reeleito. Em agosto, Platini não foi de meias palavras, e disse: “Ele [Blatter] não terá o meu apoio, porque a FIFA, na minha opinião, precisa de um novo fôlego. Ele vem da administração e não deveríamos tolerar mais administradores para este tipo de cargo.”

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Platini não se candidatou às eleições da FIFA em maio. Viu Ali bin Al Hussein ou Luís Figo avançarem, mas Platini sabia, ele que é ex-futebolista como Figo e administrador (os tais que critica) como Al Hussein, que não era o tempo certo de o fazer. Blatter ainda era um “polvo” cujos tentáculos chegavam a várias confederações. A reeleição era, por isso, uma certeza, como se veio a demonstrar. A desistência em cima da hora de Ali bin Al Hussein, dando a ideia de que a reeleição de Blatter estaria em risco, foi mais “fogo de vista” que outra coisa.

Logo que Blatter se demitiu e o escândalo de corrupção no seio da FIFA tomou proporções globais, o nome de Platini tornou-se presidenciável. Hoje, em carta enviada aos líderes das 209 federações nacionais que compõem a FIFA, o francês confirmou o que era por todos esperado: Platini estará no Congresso Extraordinário da FIFA de 26 de Fevereiro do próximo ano.

Platini é o primeiro nome que surge. E é também, até ver, o mais forte candidato a suceder a Blatter. Isto se o suíço não se recandidatar, um cenário que, apesar de ter colocado o lugar à disposição e convocado eleições antecipadas, nunca recusou perentoriamente. Quem também não descarta avançar novamente é Luís Figo, que garantiu, aquando da demissão de Blatter, que ponderaria tal cenário mais adiante.