Na rua da Pimenta, junto à travessa da Malagueta, em Lisboa, está o The Old House. Por mero acaso ou ironia, a localização é um prenúncio daquilo que se avizinha: este é um restaurante onde o picante é tratado na primeira pessoa. Mas antes de imaginar o seu paladar a arder, esqueça o copo de água porque vamos começar com um bule de chá à moda chinesa acompanhado de 10 factos a ter em conta antes de uma visita:

1. O picante é opcional

A comida chinesa tem, no total, oito tipos de gastronomia, conforme as regiões. Este novo espaço representa a de Sichuan, cuja capital, Chengdu, é conhecida por ser um autêntico paraíso gastronómico pelos seus pratos picantes com doses generosas de pimenta e malagueta frescas, secas ou em pó. Contudo, a autenticidade desta gastronomia foi adaptada aos gostos ocidentais a nível de picante e se não for apreciador pode pedir para dosearem (ou mesmo abolirem) estes condimentos.

2. Na ementa não entram crepes chineses ou arroz chau chau

A carta é bem diferente dos típicos restaurantes chineses. Não há crepes chineses: o único crepe, de arroz, é o que vai usar para enrolar o pato à Pequim (26,9€) acompanhado de molho de soja, pepino e cebolinho. Já o arroz de soja com ervilhas e bacon (3,9€) toma o lugar do arroz chau chau. Consoante a época, a ementa sofrerá alterações: no inverno pode contar com fondue quente com várias especiarias de Sichuan.

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O arroz de soja leva ervilhas e bacon (3,9€) e substitui o habitual chau chau. Se não gostar, pode optar por arroz branco (1€). © Michael M. Matias/Observador

3. Pode falar de boca cheia…

A tradição chinesa manda que pode (e deve) falar de boca cheia. Outra particularidade da cultura local: se os seus convidados estiverem atrasados, deve começar a comer sem eles. A sopa pingou? Sem problema, pode sujar a mesa sem preconceitos. À semelhança do picante, os pauzinhos também são opcionais. Opte pelos talheres se não domina a técnica porque neste restaurante os pauzinhos não têm elásticos.

4. … mas os pratos têm uma ordem

A ementa está no iPad acompanhada das fotografias, preço e nível de picante de cada prato. No entanto, segundo dita a tradição chinesa, deve começar-se pelos pratos frios, seguir para os quentes e só depois é que pode passar para o acompanhamento (como o arroz, por exemplo). A sopa de kung fu (5,5€), uma espécie de caldo de galinha com chá verde, chega no fim para facilitar a digestão. Por último, termine com uma sobremesa típica de Sichuan — sempre à base de fruta.

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A sopa de kung fu vem no bule individual. Depois de beber o caldo, deve comer o frango com uma colher. © Michael M. Matias/Observador

5. Este é o primeiro restaurante da cadeia fora da China

O grupo The Old House é uma das marcas de restauração mais conhecidas da China, detida por Yang Cao. A cadeia conta com um total de 30 restaurantes mas este é o primeiro fora da República Popular da China. Yang escolheu Portugal porque os seus dois sócios, Jin Jiaqing e He Sha, já vivem em Lisboa há algum tempo e convenceram-no a apostar na capital.

6. A decoração é tradicionalmente chinesa

O espaço de 1000 metros quadrados, com capacidade para 180 pessoas, tem dois andares cheios de pormenores. Desde os bonsais, passando pelas lanternas vermelhas, até aos típicos potes chineses de porcelana — decorados a azul e branco — onde os ancestrais chineses guardavam a comida durante vários dias. Junto à esplanada, com vista para o rio Tejo, está uma carruagem com um laço vermelho.

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O espaço foi decorado pela filha de Yang Cao, com lanternas vermelhas, potes chineses e árvores de bonsai. © Michael M. Matias/Observador

7. A inauguração contou com o embaixador da China

O vice-primeiro-ministro Paulo Portas e o embaixador da República Popular da China estiveram lado a lado numa inauguração que juntou individualidades de vários países. O evento multicultural dividiu-se pelo piso superior e pelas salas privadas especialmente concebidas para jantares de negócios de 10 pessoas.

8. A cozinha está à vista de todos

No vidro da primeira sala, é possível ver os chefs asiáticos a cozinharem os pratos na hora. São eles que elaboram a carta sem pronunciarem uma única palavra em português. Também os clientes são (quase) todos chineses. Já os funcionários são de várias origens e vestem os tradicionais trajes chineses Hanfu com vários detalhes de flores.

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Na cozinha do The Old House, os chefs só falam chinês e têm tarefas específicas. © Michael M. Matias/Observador

9. Se sobrar, o chef obriga-o a levar para casa

As doses chinesas tradicionais foram concebidas para serem partilhadas. Ainda assim, é provável que sobre comida. Se assim for, o chef prefere que leve para casa uma vez que este tipo de ementa típica de Sichuan não permite aproveitamentos — quer de marisco ou de carne.

10. Os diabéticos, alérgicos e intolerantes são bem-vindos

“É alérgico a alguma coisa?”. Esta é a primeira pergunta que um funcionário lhe vai fazer quando anotar o seu pedido. Seja diabético, alérgico ou intolerante a alguma substância pode chamar à sua mesa qualquer um dos chefs que, com a ajuda de um tradutor, lhe vai sugerir vários pratos que pode confecionar para ir de encontro às suas necessidades. A segunda pergunta dirá respeito ao nível de picante. Se não gostar, abdique dele. Se gostar, peça moderado. Se for corajoso, experimente o nível de picante típico de Sichuan mas não se esqueça do seu bule de chá.

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As paredes das quatro salas privadas são removíveis e permitem receber até 40 pessoas. © Michael M. Matias/Observador

Nome: The Old House
Morada: Rua da Pimenta, 9 (Parque das Nações) Lisboa
Telefone: 21 896 9075
Horário: Todos os dias, das 12h às 15h e das 19h às 23h
Reservas: Aceitam
Preço Médio: 20€

Texto editado por Tiago Pais.