A bolsa de Xangai encerrou a sessão de hoje a perder 8,49%, a maior queda em oito anos registada no mercado de capitais da China. De acordo com a Bloomberg, o sobressalto deve-se aos crescentes sinais alarmantes de saída em massa de capitais da China registados no último mês.
O dia quente nos mercados financeiros da Ásia e Pacífico já levou a imprensa chinesa a intitular de “Segunda-feira Negra”, numa alusão ao colapso de 1987. A tendência de queda já registada na semana passada continua assim a acentuar-se, apesar de terem sido renovados os esforços das autoridades para tranquilizar os investidores.
O Índice Composite de Xangai fechou a sessão a cair 8,49% (297,83 pontos), até aos 3,209.91 pontos, depois de ter chegado a perder 9%. O índice de referência sofreu a maior descida num só dia desde 27 de fevereiro de 2007 (quando caiu 8,8%), registando a quinta sessão consecutiva em terreno negativo, após de ter perdido 11,54% no acumulado da passada semana.
A bolsa de Shenzhen, segunda praça financeira da China, também negociava no “vermelho”, encerrando a perder mais de 7%.
Black Monday! #ChinaStocks join global panic selloff, dive 8.5%, worst since Asian financial crisis at midday pic.twitter.com/nLHoFf34bV
— China Xinhua News (@XHNews) August 24, 2015
Na semana passada, a bolsa de Xangai fechou três vezes em terreno negativo, registando uma queda de 6,15% na terça-feira, até aqui correspondente à mais acentuada descida em todo o mês de agosto.
Entretanto, o Wall Street Journal avança que a China vai anunciar em breve várias medidas de apoio à banca nacional, falando em pelo menos duas decisões a ser tomadas a curto prazo. Uma delas é a imposição de exigências de capital mais baixas aos bancos chineses com o objetivo de reduzir a pressão provocada pela desvalorização da moeda nacional e aumentar a concessão de empréstimos. Para aumentar a liquidez, o Estado vai também fazer uma injeção de direta de capital em várias instituições, diz o mesmo jornal.
Não demorou muito para que os media chineses começassem a apelidar o colapso desta segunda-feira de “Black Monday” (“Segunda-feira Negra”), numa alusão à segunda-feira 19 de outubro de 1987, quando os mercados financeiros de todo o mundo entraram em colapso. O efeito dominó começou precisamente em Hong Kong, tendo-se estendido depois ao leste europeu e atingindo em cheio os EUA.
A bolsa de Hong Kong encerrou a sessão de hoje em forte baixa de 5,17 por cento, a segunda maior queda do ano, arrastada pelas perdas na praça financeira de Xangai. O índice de referência da antiga colónia britânica, o Hang Seng, recuou 1.158,05 pontos (5,17%), naquela que foi a segunda maior queda do ano, até aos 21.251,57 pontos, a cotação mais baixa desde julho de 2013.
Hong Kong stock market plunge is fastest since 1987 crash http://t.co/WuwlAxFGrQ pic.twitter.com/2Df9ldv37d
— Adam Haigh (@adhaigh) August 24, 2015
Bolsa de Tóquio fecha a perder 4,6%, a maior queda do ano
Entretanto a bolsa de Tóquio também fechou a sessão em forte baixa, caindo 4,6%, a maior queda dos últimos dois anos, arrastada pelas perdas em Xangai e pela valorização do iene relativamente ao dólar. O principal índice, o Nikkei, fechou a perder 895,15 pontos (4,61%), cotando-se nos 18.540,68 pontos, enquanto o Topix, o segundo indicador da praça financeira de Tóquio, a recuar 92,14 pontos (5,86%), até aos 1.480.87 pontos.
#Japan | *JAPAN'S TOPIX SLUMPS MOST SINCE MAY 2013 TO ENTER CORRECTION pic.twitter.com/I7g8yy7Ts1
— Ioan Smith (@moved_average) August 24, 2015
A bolsa de Tóquio abriu no “vermelho” mas, durante a segunda parte das negociações, a queda agudizou-se e chegou a tocar os 1.000 pontos (5%), com o mercado financeiro de Tóquio a ver-se contaminado pelo nervosismo gerado pela nova “segunda-feira negra”.
A bolsa de Tóquio prolongou assim o “vermelho” da semana passada, quando cumpriu quatro dias consecutivos de perdas devido sobretudo à situação na China, o seu principal parceiro comercial. A Austrália também registou perdas semelhantes, na ordem dos 4%.
O novo dia de pânico na bolsa de Xangai continua a alimentar as dúvidas sobre a evolução da economia chinesa, após a recente depreciação do yuan e apesar das medidas anunciadas por Pequim.
Estes fortes receios não atingem só o continente asiático, estando já a ter impacto na abertura das principais praças europeias. Lisboa está mesmo entre os índices com mais perdas: abriu em terreno negativo, com o PSI20, o principal índice da praça lisboeta, a cair 4,01%. E mantém-se a cair. Os restantes índices europeus seguem a mesma tendência, abrindo a recuar mais de 3%. Milão (FTSE MIB) e Frankfurt (DAX) estão entre as praças que mais perdem, caindo 3%.
O valor acumulado das perdas principais bolsas europeias, só no índice FTSEurofirst 300, era de 230 mil milhões de euros logo na abertura.
Mayhem in them European markets this morning, as €230bn has been wiped off the pan-European FTSEurofirst 300 pic.twitter.com/CNyh3IaZiv
— Tara Cunningham (@TaraSCunningham) August 24, 2015
Na África do Sul as ondas de choque também se fazem sentir, com o principal índice da praça sul-africana a registar hoje, segundo a Bloomberg, a maior queda dos últimos cinco anos, atingindo mínimos de maio de 2010. Também a bolsa de Moscovo foi, tal como as suas congéneres europeias, penalizada pelo desempenho dos mercados asiáticos. O índice de referência, o RTS, cotado em dólares, caiu 4,21%, enquanto o Micex (em rublos) cedeu 1,76%.
A moeda russa caiu para o valor mais baixo de 2015, com o euro a passar simbolicamente a barreira do 80 rublos pela primeira vez desde meados de dezembro, atingindo 80,99 contra os 78,80 rublos de sexta-feira. O dólar subiu para 70,69 rublos contra os 68,21 antes do fim de semana.
Free fallin': #Russia Ruble breaks beyond 70 per Dollar as sell-off in Oil continues. pic.twitter.com/GEp2lbr9bI
— Holger Zschaepitz (@Schuldensuehner) August 24, 2015