O ecoponto não é azul nem amarelo, tem as letras vermelhas da H&M. Depois de colocar à disposição dos clientes um contentor onde podem deixar as peças que já não usam, a cadeia sueca vai lançar uma nova linha de ganga produzida com algodão reciclado, ao mesmo tempo que acaba de criar uma bolsa de um milhão de euros para premiar as melhores ideias no campo da reciclagem têxtil.

De repente, é como se a Mc Donalds estivesse preocupada com o consumo de carne, ou não fosse a multinacional Hennes & Mauritz uma das principais caras da chamada fast fashion — moda a preços acessíveis, com coleções que não chegam a aquecer os cabides. Mas isso é para quem não tem acompanhado a história da H&M para além das colaborações com designers conhecidos e não reparou, por exemplo, numa linha chamada Conscious que procura, precisamente, garantir uma maior consciência e sustentabilidade da indústria.

“A criação de um ciclo fechado para os têxteis, no qual as roupas que os nossos clientes já não querem possam ser recicladas e transformadas em novas peças, permitirá não apenas minimizar o desperdício de têxteis, como também reduzir de forma significativa os recursos virgens, bem como outros impactos que a moda tem no nosso planeta”, diz Karl-Johan Persson, CEO da H&M, num comunicado divulgado pela marca a propósito da nova linha Close the Loop Denim.

Ao todo são 16 novos estilos de ganga que estarão disponíveis nas lojas a partir do dia 3 de setembro, com propostas para homem, mulher e criança que procuram “fechar o ciclo” por usarem 20% de algodão que foi conseguido a partir das peças que os clientes deixaram nas lojas (independentemente da marca), no âmbito da iniciativa de recolha de roupa usada, criada em 2013 e que já reuniu mais de 14.000 toneladas a nível mundial. Por cada saco de roupa entregue — num máximo de dois por dia — o cliente recebe um voucher de 5€ para utilizar numa compra seguinte, desde que seja superior a 30€.

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Segundo o mesmo comunicado, a empresa sueca garante que está a investir em nova tecnologia para aumentar a percentagem de algodão reciclado usado sem comprometer a qualidade das peças e que pretende multiplicar “em 300% (em comparação com 2014) o número de peças feitas com, no mínimo, 20% de tecido reciclado”.

Em busca desta inovação, na terça-feira, 25 de agosto, a H&M Conscious Foundation lançou o seu primeiro Global Change Award, uma bolsa de um milhão de euros, divididos por cinco vencedores, que pretende atrair novas ideias ecológicas para ajudar a proteger os recursos naturais do planeta.

“A pergunta que se faz no mundo da moda já não é qual é o novo preto mas sim que ideias podem fechar o ciclo de vida têxtil”, diz Rebecca Earley, catedrática na Universidade de Artes de Londres e membro do júri do prémio.

Os vencedores terão acesso a soluções que impulsionem as suas ideias e, com isso, a fundação pretende responder a “um dos maiores desafios da indústria: criar moda para uma população crescente reduzindo o impacto no meio ambiental”. Qualquer pessoa pode concorrer, bastando para isso visitar o site oficial da bolsa e olhar para a roupa sem ser para decidir qual vai ser a próxima compra, ou o que vai vestir de manhã.