Ao longo de uma semana, o Observador publicou os concertos de música e os espetáculos para os quais vale a pena comprar bilhete, o cinema e as séries de televisão que não deve deixar fugir, os discos que vão sair em breve e os livros de leitura imperdível. Este é o apanhado dos espetáculos

Três dias de espetáculos com entrada livre e três novas criações de Tiago Rodrigues. A rentrée do Teatro Nacional D. Maria II promete ser muito concorrida e há razões para isso. Nos dias 11, 12 e 13 de setembro, o público tem acesso livre a inúmeras atividades da nova temporada, entre as quais a estreia mundial de cinco espetáculos, teatro para a infância e uma homenagem à atriz Eunice Muñoz. As novas criações de Tiago Rodrigues, Ifigénia”, “Agamémnon” e “Electra, três tragédias gregas a partir da leitura de Eurípedes, Sófocles e Ésquilo, estão incluídas nessa primeira montra gratuita, mas ficarão em cena até 4 de outubro para os que não conseguirem uma entrada gratuita.

No S. Luiz, em Lisboa, a nova diretora artística Aida Tavares escolheu abrir a temporada com “Baile”, espetáculo de Carla Maciel e Sara Carinhas com coreografia de Victor Hugo Pontes, e que conta com um enorme bónus: direção musical e arranjos de Paulo Furtado (The Legendary Tigerman). Em cena de 9 a 20 de setembro, com direito a apresentação no Rivoli do Porto, a 2 e 3 de outubro.

O Baile ensaio foto SusanaPaiva

Manuela Azevedo (dos Clã), Sara Carinhas, Ana Brandão e Carla Galvão protagonizam este “Baile”. ©Susana Paiva / Divulgação

A companhia Truta vai abrir a temporada do Teatro Maria Matos, em Lisboa, no dia 10 de setembro com “Uma Mulher sem Importância”, de Oscar Wilde, aqui com encenação de Joaquim Horta. Enquanto critica a alta sociedade londrina de finais do século XIX, questiona as representações tradicionais do género feminino. Em cena de 10 a 19 de setembro.

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É Impossível Viver”, diz-nos a dramaturga e encenadora Ana Luena, através das palavras de Frank Kafka. A peça que estreia no dia 17 de setembro no pequeno auditório do Teatro Rivoli, no Porto, tem como base o conto Descrição de uma Luta, editado postumamente. João Lagarto e Sérgio Praia interpretam. A música original é de Peixe, antigo guitarrista de Ornatos Violeta.

Se a meio de um espetáculo de teatro lhe der a fome, a única coisa que há a fazer é desejar que o estômago não comece a fazer ruídos embaraçosos e aguardar pelas palmas finais para poder sair e satisfazer o apetite. Mas não em “Pantagruel“, a nova peça que o Teatro Oficina e o Teatro Experimental do Porto estreiam no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, entre 17 e 20 de setembro. O público não só não ficará mal visto por comer dentro da sala, como será convidado a degustar, “de forma extravagante”, uma refeição, como parte da representação. É esperar para comer. Perdão, para ver.

No Teatro da Politécnica, em Lisboa, a temporada abre a 23 de setembro com a peça “Jogadores”, do catalão Pau Miró. Um “póquer de ases”, como lhe chamou o jornal El País, quando a peça estreou em Madrid, no ano passado. Nesta comédia ácida, as personagens de meia-idade perderam a esperança, o rumo, o trabalho e até o mundo que conheciam do passado. Buscam uma espécie de turbulência, urge lembrar o risco. Por cá, o elenco é constituído por Américo Silva, António Simão, João Meireles e Pedro Carraca. A encenação é de Jorge Silva Melo.

Se procura um espetáculo diferente, atente nas linhas que se seguem. “Europa em Casa” estreou em Berlim e chega em outubro a 39 casas de lisboetas que ofereceram a sua sala de estar para a entrada de 15 desconhecidos. Estes convidados são o público, que vai fazer parte de uma performance onde se abrem mapas e se distribuem máquinas de voto para jogar o jogo da Europa. Durante as duas horas seguintes, os participantes “terão de tomar decisões difíceis, forjar alianças, pesar vantagens e desvantagens numa teia de pequenas e grandes histórias que entrelaçam opiniões pessoais com os mecanismos políticos da grande Europa”, pode ler-se na página do Teatro Maria Matos. Para saber onde será cada um dos 39 espetáculos e a que horas, o melhor é estar atento.

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Dalila Carmo protagoniza “Lúcia Afogada”, com Duarte Grilo. ©Alípio Padilha

Se prefere que lhe contem uma história, não perca a primeira peça da rentrée do Teatro do Bairro, em Lisboa. Entre 4 e 13 de setembro vai estar em palco “Lúcia Afogada”, de Martim Pedroso, um cruzamento entre a dramatização da História da Gata Borralheira com a poesia do livro Dia do Mar, ambos de Sophia de Mello Breyner Andersen. Dalila Carmo e Duarte Grilo dão corpo aos personagens. A música original é de Carlos Morgado e o video mapping que se vai poder ver é de Edgar Alberto.

Cinco anos depois de “Um Elétrico Chamado Desejo”, Alexandra Lencastre volta ao teatro, desta vez ao lado de Diogo Infante. O regresso acontece a 23 de setembro, com a estreia de “Plaza Suite”, comédia escrita por Neil Simon (com tradução de Luísa Costa Gomes) sobre as desventuras de dois casais que enfrentam momentos cruciais nas suas vidas. A encenação de Adriano Luz vai estar no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, até ao final do ano, e coincide com o 50.º aniversário de Alexandra Lencastre, que em simultâneo celebra 30 anos de carreira. O resto do país terá de esperar por 2016.

Numa Pequim de sonho ou fantasia, mas “onde as crueldades mais incríveis desfilam aos nossos olhos”, imperadores, príncipes e princesas convivem com as máscaras da commedia dell’arte. Eis a sinopse de “Turandot“, peça do século XVIII do dramaturgo veneziano Carlo Gozzi, e que serviu de inspiração a Puccini para criar a ópera com o mesmo nome. Com encenação de João Cardoso, “Turandot” estreia no Teatro Nacional de São João, no Porto, a 24 de setembro, e ali fica até 11 de outubro.

Depois de se ter apresentado em Portugal no inverno com o grupo humorístico Porta dos Fundos, e de na primavera ter estado no Festival Literário da Madeira como escritor, Gregório Duvivier regressa no outono para apresentar o monólogo “Uma Noite na Lua”. A peça foi escrita e encenada pelo também brasileiro João Falcão e valeu ao humorista do Porta dos Fundos o prémio de melhor ator pela Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, em 2013. O espetáculo estreia a 16 de outubro no Teatro Micaelense, nos Açores, e vai passar por uma dúzia de cidades portuguesas, entre as quais entre as quais Vila Real, Braga, Porto, Figueira da Foz, Lisboa e Faro.

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Em “La Chance”, os eis intérpretes levam muitas questões para o palco da Culturgest. ©Martin Argyroglo / Divulgação

Deixando o teatro e avançando para o bailado, atenção a “La Chance, que a Culturgest, em Lisboa, recebe a 11 e 12 de setembro. A coreografia de Loïc Touzé leva os seis intérpretes a abordarem questões como a presença, o equilíbrio entre o conhecimento e a imaginação, entre o individual e o coletivo, bem como a forma como o bailarino se expressa em palco.

Também em Lisboa, mas no Teatro Camões, vai ser possível assistir a uma estreia mundial, “Morceau de Bravoure“. A produção é da Companhia Nacional de Bailado, em colaboração com a plataforma Cão Solteiro e André Godinho, a coreografia é de Rui Lopes Graça e em cima do palco com os bailarinos estarão os atores Cecília Henriques, Patrícia Silva e Paulo Lages. Estreia a 12 de novembro.

A ópera que inaugura a temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos é “Madama Butterfly“, tragédia japonesa de Giacomo Puccini, aqui com produção da britânica Opera North em dois atos, direção musical de Domenico Longo e encenação de Tim Albery. O público vai poder ver o que vale a coreana Hey Youn Lee como Madama Butterfly entre 20 de outubro e 1 de novembro.

Rufus Wainwright já deu alguns concertos em Portugal. Mas na noite de 27 de novembro vai apresentar algo muito diferente, no Grande Auditório da Gulbenkian, em Lisboa. Trata-se de “Prima Donna”, primeira ópera da autoria do cantor e compositor, que a descreve como um “concerto visual sinfónico, com projeção de um filme de Francesco Vezzoli”. Maria Callas, que inspirou a obra, vai ser interpretada pela atriz Cindy Sherman. A música é da Orquestra Gulbenkian, dirigida pela maestrina Joana Carneiro.

No Porto também há ópera, com a estreia mundial de “Giordano Bruno“, a 12 de setembro. Trata-se de uma ópera em 12 atos, encomendada pela Casa da Música, pelo Réseau Varèse e pelo Théâtre & Musique Paris, e que retrata “parte dos inquietantes factos da vida do filósofo e monge dominicano” italiano, pode ler-se na programação.