Vamos falar de sexo. Mais precisamente de como a sua prática regular pode representar uma vida mais saudável. Um dia depois de se assinalar o Dia Mundial da Saúde Sexual, recordamos alguns dos benefícios que a ciência já demonstrou estarem associados às relações sexuais — desde fazer bem ao coração e deixar as pessoas mais bem dispostas, a fazê-las parecer mais novas. E não, não há nenhuma quantidade recomendável face ao número de vezes que um casal pode ou deve ter relações numa semana. O que interessa, assegura o terapeuta Fernando Mesquita, é que os dois encontrem um equilíbrio no que à vontade sexual diz respeito.
1. O sexo combate as doenças
Ele ou ela tendem a ficar doentes com facilidade? Se sim, o sexo parece ser um bom remédio. As pessoas que fazem sexo uma ou duas vezes por semana (em média) apresentam níveis mais elevados de Imunoglobulina A ou IgA — um anticorpo capaz de melhorar o sistema imunológico — do que aquelas que não são sexualmente ativas. Em causa está um estudo publicado na Psychology Report e citado pelo Telegraph, jornal que lembra ainda que a relação entre sexo e imunidade nem sempre é positiva: a mesma pesquisa mostrou que as pessoas com os menores níveis de Imunoglobulina A eram as que tinham sexo mais de duas vezes por semana.
2. Queima calorias
A ideia de que o sexo possa ser equiparado à prática de exercício físico é um tema debatível, assegura o site Live Science. No entanto, há estudos que comprovam que as relações sexuais podem, de facto, ajudar-nos a combater os quilos a mais. Em outubro de 2013, a publicação PLOS ONE dava conta de um estudo com as seguintes conclusões: o sexo queima uma média de 4.2 calorias por minuto num homem e 3.1 calorias por minuto numa mulher — isto considerando pessoas entre os 22 e os 28 anos e uma intensidade moderada. O site Live Science escrevia, então, que fazer sexo é melhor do que andar, mas não tão bom como correr.
3. Pode melhorar o sono
Segundo um estudo publicado pelo Daily Mail em janeiro de 2014, uma em cada seis mulheres britânicas (17%) dorme mais tempo e mais profundamente depois das relações sexuais. Mas o contrário também se verifica, isto é, uma noite bem dormida pode resultar em relações sexuais mais prazerosas, assegura o jornal New York Times que cita um pequeno estudo publicado no The Journal of Sexual Medicine. A pesquisa envolveu 171 estudantes universitárias e concluiu que, nas mulheres que estavam numa relação romântica, uma hora extra de sono correspondia a níveis mais elevados de desejo sexual; já as mulheres com uma duração média de sono mais longa reportaram maior lubrificação vaginal durante o sexo do que aquelas com uma média de sono mais curta.
4. Ajuda a reforçar os laços emocionais
Quando foi a última vez que mimou a sua cara metade? A pergunta tem razão de ser, dado que os casais que trocam mimos depois do sexo sentem-se mais satisfeitos com a sua vida sexual e, consequentemente, com a relação. A ideia é sustentada por um estudo datado de outubro de 2014 e publicado, então, na revista Archives of Sexual Behavior. A investigação foi desenvolvida por um grupo de cientistas da Universidade de Toronto e mostrou que, para a grande maioria, a troca de afetos é mais importante do que os preliminares ou até que o próprio sexo. É tudo uma questão de boa disposição.
À data, a co-autora do estudo explicou que os mimos eram tidos como “uma recompensa positiva depois do sexo”. À revista Women’s Health Magazine, Amy Muise disse ainda: “Penso que os casais deviam ter consciência de que o período depois do sexo pode ser particularmente importante para criar uma ligação e que pode reforçar os sentimentos de satisfação sexual e relacional”.
5. Aumenta a boa disposição
“Está provado que quem tem sexo fica mais bem disposto ao longo do dia”, diz ao Observador o sexólogo Fernando Mesquita. E o que quer isto dizer? Que, nestas circunstâncias, as pessoas conseguem encarar de forma mais positiva as situações de stress que tendem a surgir.
E porque o sexo é um tema cada vez menos tabu e cada vez mais estudado, recordamos ainda uma investigação de 2007 conduzida por académicos da Universidade do Texas que atesta que aumentar a autoestima era um dos motivos porque as pessoas fazem sexo.
6. Funciona como um analgésico natural
Já não é novidade que o orgasmo promove a libertação de endorfinas, a homorna que encerra em si um poder analgésico. É por isso que a desculpa das dores de cabeça não pega, atesta Fernando Mesquita, uma vez que o sexo pode ajudar a acabar de vez com esse problema. E como se dúvidas houvesse, o Telegraph cita uma investigação científica para explicar que as endorfinas atuam numa questão de minutos — o que é bastante mais rápido do que ir à farmácia e comprar os medicamentos convencionais.
7. Faz bem ao coração
Já antes o terapeuta sexual Fernando Mesquita explicou ao Observador como o sexo pode ajudar a fortalecer o nosso coração, uma vez que “o aumento da atividade cardíaca, durante a interação sexual, vai melhorar a irrigação e a oxigenação do corpo, dificultando a acumulação de gordura nos vasos sanguíneos”. A reforçar a teoria estão alguns estudos científicos que referem que “uma vida sexual ativa reduz, em cerca de 50%, o risco de enfarte nos homens”.
8. Estimula o cérebro
Não queremos com isto dizer que fique mais inteligente depois do momento íntimo, mas… O Telegraph cita uma investigação de 2010 feita… em ratos. Apesar do público-alvo em questão, as conclusões não deixam de ser interessantes: o estudo sugere que os ratos que tinham relações sexuais com regularidade apresentavam uma taxa mais levada de proliferação de células no hipocampo — a parte do cérebro que está associada à memória. Verificou-se ainda um maior crescimento de células cerebrais (e um aumento no número de ligações entre as respetivas células).
9. Age como um elixir de juventude
Talvez esteja na altura de pôr de lado os creme que prometem combater as rugas. Ou, então, acrescentá-los a outro tratamento que também se julga ser eficaz. Em 2013, David Weeks — que, em tempos, chefiou o departamento de psicologia para a terceira idade no Royal Edinburgh Hospital — apresentou ao mundo a sua pesquisa, a qual defendia que homens e mulheres com uma vida amorosa ativa tendem a parecer cinco a sete anos mais novos. O estudo em questão exigiu uma década de pesquisa, período durante o qual homens e mulheres de todas as idades foram questionados. Resultado? Aqueles que pareciam ser mais novos alegavam ter, em média, sexo com maior frequência (o que na faixa etária dos 40 a 50 anos representava, por exemplo, três vezes por semana em vez de duas vezes).
Mas ter uma vida sexual saudável não é só uma questão de aparências, uma vez que pode mesmo prolongar-lhe a vida. Um estudo feito em 1997, conduzido numa cidade galesa, no Reino Unido, veio demonstrar que os homens que tinham dois ou mais orgasmos por semana podiam ter até mais oito anos de vida. Nada mau…
10. Sexo é comunicação
O sexo não traz apenas benefícios físicos. Numa primeira instância, representa a forma de um casal se encontrar e comunicar. “Quando existe uma relação sexual existe a libertação de hormonas como a ocitocina, muito ligada à questão do apego e capaz de fortalecer as relações”, conclui Fernando Mesquita.