O debate foi decisivo? Não. Só teria sido decisivo se um dos candidatos tivesse, de forma clara, esmagado o adversário. Não havendo uma vitória por KO – como aqui ao lado escreve Marina Costa Lobo – a vantagem por pontos é atribuída pela generalidade dos comentadores a António Costa. Chega para ganhar ou inverter a tendência de queda do PS que mostram as sondagens? Dificilmente. O debate não terá levado ninguém a alterar uma decisão de voto já tomada ou a defini-la sem hesitação, no caso dos indecisos.
O debate foi esclarecedor? Não. Falou-se quase tudo de passado e muito pouco de futuro. Num e noutro tempo sem argumentos novos.
Quanto ao passado, assistimos quase a uma segunda volta da eleição de 2011. Pedro Passos Coelho chamou várias vezes José Sócrates ao salão do Museu da Electricidade. É politicamente irresistível tentar colar as propostas actuais do PS aquilo que foi a governação socialista que acabou com o país entregue à troika. Mas a dose pode ter sido exagerada. Se o guião eleitoral da coligação é apenas acenar com a possibilidade de regresso a esse passado em caso de vitória do PS, ele facilmente se esgota nas longas quatro semanas que ainda faltam para a eleição.
António Costa recuou também a 2011 para recordar as promessas eleitorais que Pedro Passos Coelho fez e não cumpriu, tentando assim descredibilizar as propostas actuais, que ainda por cima são escassamente detalhadas.
Quanto ao futuro, saímos como entrámos. Nada de mais concreto ou mais claro sobre impostos, segurança social, saúde, educação, Europa, emprego, empresas, reforma do Estado, Justiça…
Passos e Costa têm de fazer muito mais do que isto para desempatar inequivocamente esta eleição. Se não, quem ganhar vai ganhar por muito poucos e a noite do dia 4 de Outubro será longa.

*jornalista

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