O processo de venda do Novo Banco caminha para um adiamento. A operação está em vias de passar para depois das eleições, cenário que vem ganhando força nas últimas semanas, e poderá ser retomado depois dos testes de stress do BCE, a realizar em novembro.

Segundo a SIC, as negociações com os chineses com a Fosun já terminaram com o mesmo resultado que tiveram as negociações com os também chineses da Anbang, ou seja, o fracasso. Os candidatos estão a oferecer preços muito abaixo dos mínimos pretendidos pelo Banco de Portugal, pelo que se espera que as ofertas possam ser mais elevadas assim que se conhecerem melhor as necessidades de recapitalização da instituição. Recapitalização esta que terá, assim, de ser feita pelo Fundo de Resolução.

Diário Económico noticiou esta sexta-feira que os chineses estão a oferecer 1,5 mil milhões de euros, receosos face às insuficiências de capital que podem ser reveladas pelos testes de stress.

Este valor corresponderia ao encaixe líquido para o Fundo de Resolução, excluindo o reforço de capital que terá de ser feito no Novo Banco e cuja dimensão só será conhecida após os testes do regulador europeu. A Fosun deixou claro que não ia aumentar o preço quando entregou a proposta vinculativa em julho e esta posição não mudou.

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A degradação dos resultados semestrais da instituição liderada por Stock da Cunha — que apresentou prejuízos de 252 milhões de euros — e o receio de que aparecem mais surpresas negativas, estão a arrefecer o interesse dos candidatos. No casos dos grupos chineses, o crash da bolsa de Xangai foi mais um argumento para não elevar as ofertas.

norte-americana Apollo – que, na ótica do Banco de Portugal, apresentou a terceira melhor proposta – não deverá ser convidada a iniciar negociações exclusivas, nota o Diário Económico.

A confirmar-se, o processo será, então, adiado para depois das eleições legislativas, cenário que também é avançado pelo Semanário SolA divulgação dos testes de stress realizados pelo BCE, prevista para novembro, levará, contudo, à necessidade de reforçar o capital da instituição que foi criada com uma injeção de 4,9 mil milhões por parte do Fundo de Resolução, um organismo público mas da responsabilidade das empresas do setor financeiro. Sem um novo comprador, essa provável necessidade de reforço de capitais terá de ser suprida pelo Fundo de Resolução.

Mas isso poderá eliminar uma das principais incógnitas neste processo, e que têm inibido os interessados no que diz respeito ao preço oferecido.

A provável injeção de capital pelo Fundo de Resolução irá significar, contudo, um aumento das responsabilidades exigidas aos outros bancos do sistema. Mas Nuno Amado, presidente do BCP, afirmou quinta-feira em Aveiro que “depressa e bem não há ninguém“. O responsável notou, aliás, que parte da razão por que as ações do BCP estão em mínimos de 2013 é a incerteza em relação a esta matéria. “Nem sempre a pressa é boa conselheira”, afirmou Nuno Amado, citado pelo Jornal de Negócios.

O Diário Económico escreve que o objetivo será anular o actual processo de venda e relançar um novo concurso ainda este ano, com prazos mais curtos.

Banco de Portugal só comenta quando for oportuno

“Como já é do conhecimento público, o Banco de Portugal iniciou uma fase de negociações (Fase IV – Decisão Final) com os potenciais compradores que apresentaram propostas vinculativas durante a Fase III do procedimento de venda do Novo Banco”, diz fonte oficial do Banco de Portugal ao Observador, num comentário semelhante ao que já tinha feito às notícias do adiamento. “Oportunamente, o Banco divulgará o resultado do processo negocial que está a desenvolver para concretizar a venda do Novo Banco SA”.

A hipótese de um adiamento tem, como já referimos, ganhou força nas últimas. O político e comentador da SIC Luís Marques Mendes juntou-se, no último sábado, a esta discussão. “Quanto mais rápido se puder vender, melhor. Com uma exceção, vender ao desbarato não“, afirmou Marques Mendes. “Acho que não é impossível, bem pelo contrário, está cada vez mais possível, que este processo possa encerrar agora e possa reabrir daqui a algum tempo, pouco tempo, com um novo concurso. Um novo concurso com prazos mais curtos”, rematou Marques Mendes.