O grupo italiano Enel vendeu o seu negócio de parques eólicos em Portugal a um fundo australiano. O acordo envolve a alienação da Finerge e a participação de 35,96% na Eneop, sociedade que explora um dos parques com maior capacidade instalada a nível nacional, de 1333 megawatts.

O negócio, realizado através da subsidiária espanhola Enel Green Power España, está avaliado em 900 milhões de euros, montante que inclui o reembolso do empréstimo realizado à Finerge pelos acionistas.

A Finerge detém um portefólio de parques com uma capacidade instalada de 126 megawatts, para além de participações minoritárias em unidades com capacidade de 292 megawatts. A Finerge foi criada pela Somague e vendida à Endesa, uma das maiores elétricas espanholas, em 2005, quando a construtora portuguesa já fazia parte do grupo espanhol Sacyr Vallermoso. A Endesa é hoje controlada pela italiana Enel.

A empresa compradora, a First State Wind Energy Investments, é detida por fundos geridos pelo First State Investement, uma sociedade controlada pelo Commonwealth Bank of Australia, que é um dos maiores fornecedores de serviços financeiros australianos. A transação contou com a assessoria financeira do Santander Totta e que deverá estar finalizada até ao final do ano.

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A alienação só será concretizada após a conclusão do processo de reorganização da Eneop, que passa pela divisão de ativos pelos seus acionistas. Na sequência desta operação, a Finerge ficará com uma capacidade instalada de 445 megawatts, o que elevará o seu portefólio eólico em Portugal para 863 megawatts (MW), que equivale em termos líquidos a 642 MW.

A empresa registou no ano passado, receitas consolidadas de 38 milhões de euros, que sobem para 106 milhões de euros com a consolidação da Eneop.

A intenção de alienar os ativos em Portugal já tinha sido anunciada pelo grupo italiano. A operação insere-se numa estratégia de gestão do portfólio, que é uma das peças chaves do plano estratégico a cinco anos, sublinhou em comunicado o presidente executivo da Enel, Francesco Venturini.

“Existe uma forte procura por ativos de energia renovável e ao vender unidades já em operação num mercado maduro, registamos o sucesso antecipado em cumprir os compromissos assumidos com o mercado no início deste ano”, acrescentou.

A Eneop – Eólicas de Portugal foi o primeiro parque eólico de grande dimensão atribuído por concurso público pelo governo de José Sócrates. Entre os seus acionistas, conta-se a EDP. Associado a este parque está uma unidade de fabrico de pás eólicas.