A Comissão Europeia prevê um crescimento mais baixo da economia portuguesa no próximo ano e avisa que “a incerteza política poderá penalizar a confiança dos empresários e consumidores“. A anterior previsão de 1,8% foi nesta quinta-feira substituída por uma taxa de crescimento de 1,7%. O crescimento em 2015 foi revisto em alta também em uma décima, o que leva Bruxelas a acreditar num défice de 3% neste ano – mais otimista do que anteriormente.
As previsões económicas de outono, divulgadas esta quinta-feira, apontam para um crescimento de 1,7% da economia portuguesa em 2015. No próximo ano, o produto interno bruto (PIB) vai crescer os mesmos 1,7%, uma décima abaixo da anterior previsão da Comissão Europeia. Para 2017, Bruxelas está um pouco mais otimista, lançando uma previsão de um crescimento de 1,8%.
Bruxelas passou nesta quinta-feira, também, a prever um crescimento um pouco mais baixo para a zona euro, justificando essa previsão com condições financeiras globais mais difíceis e a redução do impulso da descida do preço do petróleo e da cotação do euro mais baixa. O PIB da zona euro deverá crescer 1,6% em 2015 e 1,8% em 2016, o que significa que na previsão de Bruxelas Portugal terá um crescimento abaixo da média da zona euro no próximo ano. Em 2017, o PIB na zona euro deverá crescer 1,9%, também um pouco mais do que Portugal (1,8%).
Ao mesmo tempo que atualizou as projeções para o crescimento económico de Portugal, a Comissão Europeia estimou o défice das contas públicas de Portugal em 3% do PIB em 2015, um pouco mais otimista do que estava antes (em parte devido ao crescimento mais alto previsto para 2015) mas acima do que prevê o governo – um défice “abaixo de 3%” que tirará Portugal no Procedimento de Défices Excessivos. Antes, Bruxelas previa um défice de 3,1%.
“A recuperação económica em Portugal continua a consolidar-se, impulsionada sobretudo pela procura interna e com menos ajuda por parte da procura externa”, escreve Bruxelas. O crescimento de 2,6% (homólogo) na procura interna foi o principal fator para o crescimento do PIB em 2015. “O crescimento forte das exportações, de 7,2% deverá ser, contudo, superado pelo crescimento ainda maior das importações (9,5%)”, assinala a Comissão.
“Ainda que o défice público deva baixar para 3% em 2015, o défice estrutural deverá aumentar em 2015 e, não assumindo alterações de política, também em 2016”, avisa a Comissão Europeia. A instituição alerta que “o período prolongado de incerteza política poderá penalizar a confiança dos empresários e consumidores”. A Comissão adianta, de resto, que “os dados mais recentes apontam para uma desaceleração do crescimento económico no terceiro trimestre de 2015”.
O que aumenta é a previsão da dívida acumulada em função do PIB, que sobe para 128,2% do PIB em 2015 porque o Novo Banco não foi vendido durante este ano. Isso faz com que o Estado não receba a esperada restituição (total ou parcial) do montante emprestado ao Fundo de Resolução, pelo que a operação tem de ser registada na dívida. A dívida deverá, contudo, cair para 124,7% do PIB no próximo ano e para 121,3% em 2017.
“Os riscos para as perspetivas orçamentais pendem para o lado negativo, devido a riscos macroeconómicos, possíveis derrapagens na despesa e, ainda, a existência de medidas de consolidação orçamental para 2016 e 2017″, afirma a Comissão Europeia. Os riscos para a economia da zona euro são, também, predominantemente negativos.
Previsões para Portugal | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 |
Crescimento do PIB | 0,9% | 1,7% | 1,7% | 1,8% |
Inflação | -0,2% | 0,5% | 1,1% | 1,3% |
Taxa de desemprego | 14,1% | 12,6% | 11,7% | 10,8% |
Défice público | 7,2% | 3% | 2,9% | 2,5% |
Dívida pública bruta | 130,2% | 128,2% | 124,7% | 121,3% |
Balança corrente (+) | 0,3% | 0,5% | 0,5% | 0,5% |