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  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 Apesar das dúvidas, o que é que se sabe do acidente?

O voo 7k9268 da companhia aérea Metrojet despenhou-se na madrugada de 31 de outubro na península do Sinai, no Egito, pouco depois de ter levantado voo. A aeronave partiu de Sharm el-Sheik, uma estância balnear egípcia no Mar Vermelho, e tinha como destino São Petersburgo, na Rússia. A viagem iniciou-se às 05h58 locais (03h58 de Lisboa) e às 06h14, hora a que estava previsto um contacto com a torre de controlo de tráfego aéreo de Larnaka, em Chipre, o paradeiro do avião já não era conhecido.

Debris of the A321 Russian airliner lie on the ground a day after the plane crashed in Wadi al-Zolomat, a mountainous area in Egypt's Sinai Peninsula, on November 1, 2015. International investigators began probing why the Russian airliner carrying 224 people crashed in the Sinai Peninsula, killing everyone on board, as rescue workers widened their search for missing victims. AFP PHOTO / KHALED DESOUKI (Photo credit should read KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images)

Os destroços do avião foram espalhados ao longo de uma área de 20 quilómetros quadrados — quase tão extensa como, por exemplo, o concelho da Amadora (KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images)

A aeronave, um Airbus A321 com 18 anos, caiu a 95 quilómetros a sul da vila de el-Arish, na costa da península do Sinai e a 95 quilómetros a Sul da cidade egípcia de el-Arish. Mais tarde, as autoridades russas confirmaram que os destroços do avião da Metrojet se espalharam ao longo de uma área de 20 quilómetros quadrados — um área extensa e que dá uma forte sustentação à tese de que o avião se desintegrou antes de embater no chão.

  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 O que dizem os serviços secretos e a investigação?

O grosso da investigação está a ser feita pelo Egito com o auxílio próximo da Rússia, que se apressou a recolher destroços e partículas do local do acidente para assim tentar determinar as causas do desastre.

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As duas caixas negras do avião foram rapidamente encontradas e no final da tarde de sexta-feira a AFP citou uma fonte anónima que disse que a gravação de uma delas apontava para que tudo estivesse “normal durante o voo, absolutamente normal, e de repente não havia nada”, isto é, o som da gravação teve um fim “violento e instantâneo”.

Antes disso, já a agência noticiosa russa Interfax tinha citado uma fonte egípcia que disse que o registo da caixa negra continha sons “pouco característicos” e que as gravações das comunicações entre os pilotos e as torres sugerem que “ocorreu uma situação de emergência a bordo de forma inesperada e a tripulação foi tomada de surpresa”.

Enquanto isso, na quarta-feira, a AP citava uma fonte oficial norte-americana que referia que os serviços secretos dos EUA tinham intercetado comunicações que apontavam para a hipótese de membros ligados a Estado Islâmico ter inserido uma bomba no avião.

Na sexta-feira, a BBC disse que serviços secretos britânicos acreditavam que o voo tinha uma bomba a bordo. Antes disso, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, já tinha dito que essa era a hipótese “mais provável” quando comparada com a de um acidente por falha humana ou mecânica. Obama, um dia mais tarde, disse o mesmo.

  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 Quantas pessoas morreram?

Não houve nenhum sobrevivente em todo o voo. Ao todo morreram 224 pessoas, entre as quais 17 crianças. A grande parte eram russos: 219. Sobraram ainda quatro ucranianos e uma pessoa da Bielorrússia. Este foi o acidente mais grave da história aviação russa.

A man looks at candles and flowers in Simferopol on November 1, 2015 in memory of the victims of a jetliner crash. Russia mourned its biggest ever air disaster after a passenger jet full of Russian tourists crashed in Egypt's Sinai, killing all 224 people on board. A Russian airliner that crashed in Egypt broke up "in the air", an investigator said on November 1, as the bodies of many of the 224 people killed on board were flown home. AFP PHOTO / MAX VETROV (Photo credit should read MAX VETROV/AFP/Getty Images)

219 das 224 vítimas mortais do acidente eram cidadãos russos (MAX VETROV/AFP/Getty Images)

  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 Que companhia aérea é esta e qual era o avião?

O avião era um Airbus 312-200 operada uma por uma companhia aérea russa chamada Kogalymavia mas cujo nome comercial é Metrojet. Esta companhia foi fundada em 1993 e tem base no aeroporto Domodedovo de Moscovo. A Kogalymavia tem uma frota de sete aviões e voa para 12 destinos internacionais.

A aeronave em questão foi fabricada em 1997 (tinha, por isso, 18 anos) e fazia parte da frota da Kogalymavia desde 2012. Ao todo tinha feito 21 mil voos e contava com 56 mil horas de viagem.

O avião já tinha sofrido um pequeno acidente no seu historial — em 2001 o eixo traseiro, vulgo cauda, embateu na pista de aterragem do aeroporto de Cairo quando levantava voo –, mas a Autoridade de Aviação Irlandesa (o Airbus 312-200 foi comprado na Irlanda) garantiu que a aeronave passara a sua inspeção anual sem problemas, ocorrida a março de 2015. Além disso, a Kogalymavia garantiu que o motor do veículo tinha sido alvo de uma vistoria técnica a 26 de outubro — poucos dias antes de este se despenhar na península do Sinai.

A Kogalymavia rejeita totalmente a hipótese de o acidente ter sido causada por alguma falha na aeronave, apontando para o facto de os destroços terem sido encontrados numa área de 20 quilómetros guardados: “Não existe uma combinação de falhas do sistema que possa causar a destruição do avião em pleno voo”. Como tal, apontam que “a única causa deve ser um impacto sobre a nave”.

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  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 Foi um acidente ou um atentado?

Esta continua a ser a questão central em torno da queda do avião russo em solo egípcio. E embora ainda não tenham sido anunciadas provas substanciais que apontem para a tese do atentado, é esta hipótese que ganha cada vez mais força.

O primeiro sinal que aponta nesse sentido é o facto de os destroços do avião terem sido encontrados numa área de 20 quilómetros quadrados — em termo de comparação, o município da Amadora tem 23,79 quilómetros quadrados. O facto de os destroços se terem espalhado por uma área tão extensa reforça a hipótese de o avião se ter desintegrado no ar e não apenas quando embateu no solo. Assim sendo, o avião pode ter sido atingido por um míssil ou pode ter sofrido com a explosão de uma bomba a bordo e em pleno voo.

Ao início, foram várias as vozes que afastaram o cenário de um atentado — “não pode ser considerado como fidedigno”, disse o ministro dos Transportes russo, depois de o Estado Islâmico ter dito ser responsável pela queda do avião. Mas à data de 6 de junho, as autoridades russas já consideram essa hipótese, depois de terem recolhido para análise partículas dos destroços do desastre. “Se houve explosivos naquele avião, seremos capazes de o determinar”, disse o responsável Serviço de Emergência Russo numa reunião no Kremlin.

E é precisamente por ainda não ter sido determinada a causa da queda do voo 7k9268 — e por a tese de atentado ser cada vez mais forte — que a 6 de novembro o Presidente russo, Vladimir Putin, declarou a suspensão do tráfego aéreo entre a Rússia o Egito até se saber mais acerca do que se passou na madrugada de 31 de outubro.

Vladimir Putin suspendeu o tráfego aéreo a 6 de novembro, quase uma semana depois do desastre (ALEXANDER ZEMLIANICHENKO / POOL/EPA)

  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 Se foi um atentado, quem é que o fez?

Uma coisa é certa: pouco depois de se saber da queda do avião, um grupo terrorista da península do Sinai com ligações ao Estado Islâmico disse estar por detrás do acontecimento trágico da madrugada de 31 de outubro. A mensagem foi divulgada já durante a tarde desse dia, com o grupo a dizer que o ataque foi feito “em resposta aos raides aéreos russos que mataram centenas de muçulmanos na Síria”. Ficou, porém, por dizer se o ataque terá sido feito com um míssil ou através de uma bomba a bordo.

Ainda assim, não é garantido que o Estado Islâmico tenha estado por detrás do sucedido. De resto, nem é garantido que tenha sido um atentado. Mas essa tese ganha cada vez mais forma.

  • Captura de ecrã 2015-11-06, às 19.57.46 No caso de ter sido um atentado, foi uma bomba ou míssil?

A ter sido um atentado, a tese de que se trata de uma bomba a bordo é mais forte do que a de o avião ter sido abatido por um míssil. Têm sido muitas as vozes que questionam a ideia de o poderio militar do Estado Islâmico no Egito (diferente, em termos de preponderância, daquilo que se vê em partes do Iraque e da Síria) ser tal que o grupo terrorista chega a ter mísseis anti-aéreos.

A reforçar a tese da bomba está a falta de segurança nos aeroportos daquela região, conforme disse à BBC o analista de segurança aérea Julian Bray. “Muitos dos aeroportos do Extreme Oriente e do Médio Oriente trabalham com condições mínimas e têm de despachar o avião e a carga o mais depressa possível”, disse, referindo que “é bastante provável que [uma bomba] possa ter sido metida dentro de um armazém de carga e depois metida dentro de uma caixa ou contentor dentro do avião”.