O parlamento regional da Catalunha vota esta segunda-feira a possível separação da comunidade autónoma em relação ao resto do país, num dia que se prevê tenso em Espanha. A votação será, segundo os defensores desta hipótese, o primeiro passo de uma caminhada que dentro de 18 meses culminará com a secessão da Catalunha e a “criação de um Estado independente, na forma de uma República”.

Sujeita a votação estará uma proposta para renunciar, com efeitos imediatos, a todas e quaisquer decisões do Tribunal Constitucional espanhol. Os partidos que veriam com bons olhos a independência catalã obtiveram uma maioria dos assentos parlamentares nas eleições regionais de setembro, mas ainda não está concluída a formação de governo autonómico. A aliança entre os Junts pel Sí e a CUP (Candidatura d’Unitat Popular) tem sido marcada por divergências sobre estratégia e, também, sobre quem deverá ser chefe do governo autonómico.

Mariano Rajoy, chefe do governo de Madrid, reiterou no sábado que o seu governo vai combater qualquer tentativa de tornar a Catalunha independente. “Temos a Constituição e a Lei do nosso lado”, afirmou Mariano Rajoy. 

Além de votar a “criação de um Estado independente” e rejeitar qualquer deliberação do Tribunal Constitucional e das instituições de Madrid, a moção visa criar, no espaço de 30 dias, uma autoridade tributária própria e um sistema de segurança social. Em caso de votação favorável, os partidos secessionistas querem que um dos próximos passos seja um processo de renegociação da dívida, em particular da dívida da Catalunha em relação à administração central.

A votação será, também, diz o Financial Times, uma forma de Artur Mas, líder do movimento Junts pel Sí, reforçar o apoio da CUP, um movimento de esquerda radical, contra a NATO e a União Europeia. Mas o debate no Parlamento catalão será considerado mais uma afronta a Mariano Rajoy, que lidera as sondagens para as eleições gerais de 20 de dezembro. O potencial para um escalar grave das tensões entre Rajoy e Mas nunca foi tão grande como neste momento, dizem os observadores citados pelo Financial Times.

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