À semelhança do que já tinha acontecido no ano passado, o número de novos casos de Infeção por VIH voltou a descer em 2014, e de forma ainda mais acentuada (-17,3% face a 2013). Caiu também o número de novos casos de SIDA (-11,6%), assim como o número de mortes associadas ao VIH (-14,5%), de acordo com o relatório “Portugal em Números 2015 – Infeção VIH, SIDA e Tuberculose”, que está a ser apresentado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Nas linhas gerais já apresentadas do relatório, consta ainda a informação de que a transmissão da infeção no grupo de homens que têm sexo com homens voltou a apresentar uma “tendência de acréscimo” no que toca à proporção, representando quase um terço dos novos casos (31,8%). E olhando para os números da última década, entre 2004 e 2014 houve um crescimento de 44,8% no número de novos casos de infeção por VIH entre homens que têm sexo com homens, tendo essa evolução caído nas categorias dos utilizadores de drogas injetáveis e dos heterossexuais. 

De resto, continua a ser nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Algarve que se concentra o maior número de casos (68,5% dos 1.220 registados a nível nacional). O que significa, segundo António Diniz, coordenador do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida, que “o esforço vai ter que ser mais dirigido para essas regiões”. 

Dado curioso é aquele que revela que mais de um quarto dos novos casos ocorreu em pessoas acima dos 50 anos e quase 7% acima dos 65 anos de idade. Isto levará as autoridades de saúde a atualizarem a indicação para fazer testes de rastreio – atualmente aconselhada entre os 18 e os 65 anos. “A conclusão é que o limite superior vai desaparecer”, explicou o responsável da Direção-Geral de Saúde (DGS).

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E no que toca à transmissão mãe-filho, verificou-se um aumento, em 2014, do número de recém-nascidos infetados com VIH, num total de quatro casos, mais dois do que no ano anterior. A taxa, ainda assim, fixou-se em 1,7%, ainda dentro do limiar traçado pela Organização Mundial de Saúde para definir a eliminação da transmissão mãe-filho num país. Além disso, o relatório frisa dificuldade de “controlar situações particulares de chegada ao país no período final de gravidez e não seguidas corretamente no seu país de origem”. A verdade é que há também mães portuguesas nestes números. E por isso “é preciso ter em atenção estas questões”, nomeadamente aumentando a “proatividade das estruturas de saúde para encontrar estas grávidas”.

Nota positiva vai para o facto de o diagnóstico desta infeção estar a ser efetuado mais cedo, aproximando-se dos valores verificados na União Europeia.

O objetivo para 2020 é ter 90% das pessoas diagnosticadas, 90% das diagnosticadas tratadas e 90% das tratadas em supressão virológica. Em 2030, “queremos Portugal sem SIDA e sem tuberculose, como ameaças epidemiológicas”, afirmou o responsável da DGS.

Portugal atingiu “o número mágico” na tuberculose

Em relação à tuberculose, também houve diminuição da doença em Portugal, para o limiar dos 20 casos por 100.000 habitantes. “O número mágico foi alcançado pela primeira vez”, sublinhou António Diniz, da Direção-Geral de Saúde, acrescentando que Portugal está agora “no limiar dos países de baixa incidência”.

Em 2014, foram notificados 2.264 casos de tuberculose e desses 2.080 eram novos casos. Mesmo assim, “o número de casos de tuberculose ainda é elevado”, lê-se na nota de apresentação do relatório.

António Diniz, da Direção-Geral de Saúde, sublinhou porém que entre os emigrantes a incidência é muito maior: 95.4/100.000 habitantes. “É preciso dar particular atenção a estas populações para lhes dar condições de diagnóstico, acesso aos cuidados e tratamento”, afirmou.