A PT Portugal e a Vodafone vão acelerar o investimento na rede de banca larga, levando a fibra ótica a um número maior de casas. 

O presidente da Vodafone, Mário Vaz aproveitou o congresso das comunicações para anunciar um plano de investimento de 125 milhões de euros para levar a fibra ótica a mais 550 mil casas ate 2017. A terceira operadora tem atualmente 2,1 milhões de casas já com rede de banda larga.

No mesmo evento, Paulo Neves, presidente executivo da PT Portugal reafirmou o plano recentemente anunciado de expansão da rede de fibra da operadora, que já é a maior do setor, a mais três milhões de casas. Os planos da empresa passam por chegar a 3,5 milhões de lares em 2015 e 5,3 milhões de casas em 2020, meta que ultrapassa o número atual de famílias em Portugal.

São mais 50 mil casas por mês. “Queremos fibrar o país mais rapidamente, colocar Portugal no top dos países com mais fibra ótica”, assumiu o presidente da PT Portugal, sem avançar valores de investimento. Paulo Neves, o terceiro presidente da PT em três anos, que espera que à terceira seja de vez, mostrou ainda abertura para fazer acordos de partilha de rede e do investimento com os concorrentes, à semelhança do que o seu antecessor fez com a Vodafone.

Já para o presidente da Nos, Miguel Almeida, o investimento na rede por si só não chega. “O que é bom não é ter fibra ótica, mas sim uma oferta competitiva” na qualidade, diversidade e preço. O gestor lembrou ainda que Portugal já tem uma das mais altas taxas de penetração da Europa e que “toda a gente vai investir tudo e mais um par de botas”. Por isso, pediu ao regulador: “Deixem-nos trabalhar”. 

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A aposta na melhoria da infraestutura em Portugal foi um dos pontos fortes das estratégias apresentadas pelas maiores operadoras de telecomunicações cujos planos de investimento não parecem afetados pela recente viragem política à esquerda. Já sobre os conteúdos, a sintonia entre os grandes operadores parece menor, com a PT Portugal a admitir conteúdos exclusivos, estratégia contrariada pelo responsável da Vodafone.

O tema político esteve aliás quase ausente da sessão realizada esta quarta-feira no Centro Cultural de Belém sobre o estado da nação das comunicações, que é o ponto forte dos congressos da APDC (Associação Portuguesa das Comunicações) que vai na 25ª edição. Uma exceção foi o paralelismo com a leitura que os partidos fazem dos resultados eleitorais, a propósito das declarações dos presidentes das operadoras sobre os ganhos de mercado e de clientes que reivindicam em simultâneo. 

Outra das referências acabou por ser feita por Fátima Barros, presidente da Anacom, que manifestou o desejo de que o novo governo siga a mesma linha de respeito pela independência do regulador das telecomunicações adotada pelo anterior executivo. Um cumprimento para Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Telecomunicações, que foi um dos três sócios honorários distinguidos pela APDC (os outros foram Gonçalo Sequeira Braga e Oliveira e Sousa).

Na sessão que juntou os quatro principais operadores de comunicações em Portugal, ou três (PT Portugal, Meo e Vodafone) mais um (CTT) como lhe chamou o moderador, António Costa, não faltaram as trocas de recados entre os presidentes executivos.

Portugal ainda não foi o “Vietname da Vodafone”

Mário Vaz sublinhou a resistência da Vodafone que, no seu entender, desafiou o diagnóstico feito pela concorrência uns anos antes de que Portugal seria o “Vietname da Vodafone”, devido à grande dependência do segmento de voz (telemóveis) num mercado a evoluir rapidamente para a convergência (oferta integrada de serviços).

O presidente da Vodafone não deixou ainda de “picar” o seu colega CEO (presidente executivo) Miguel Almeida, a propósito do discurso “a Nos é que cresce mais”. “Dois ativos fragilizados (Zon e Optimus) juntaram-se, é natural que resulte num crescimento. Agora a dimensão do crescimento é mérito de quem lá trabalha”, realçou.

Deixou ainda nota para o presidente da PT Portugal depois deste lembrar que ainda era o líder do mercado: “É verdade que não crescemos mas, Paulo, também não decrescemos”.