Se durante a infância, na adolescência e numa fase inicial da vida adulta, amigos não faltam, essa tendência tende a mudar à medida que os anos passam. Os amigos do futebol e mais tarde dos copos seguem a seu caminho, e às vezes a vida — ou o casamento — mete-se no meio das amizades. Resultado: ficam os homens sem amigos a quem pedir ajuda ou conselhos.
Um estudo sobre relações feito no Reino Unido descobriu que as probabilidades de um adulto do sexo masculino não ter amigos triplica desde o início dos 20 anos até à meia-idade, sendo que os homens casados têm menos amigos do que os solteiros.
As descobertas resultaram de pesquisas levadas a cabo pela Movember Foundation, grupo responsável pelo evento de angariação de fundos que todos os anos desafia os homens a deixarem crescer o bigode durante o mês de novembro. Além de juntar dinheiro para ajudar no combate ao cancro entre o sexo masculino, a fundação tem vindo a consciencializar as pessoas para as doenças mentais nos homens.
A pesquisa feita pelo YouGov para a Movember perguntou aos homens britânicos quantos amigos tinham e se havia alguém fora de casa (a parceira não conta) com quem pudessem discutir um assunto sério, como preocupações com dinheiro, trabalho ou saúde. Só 51 por cento disse que tinha dois ou menos amigos, mas um em cada oito disse que não tinha nenhum, o que perfaz um total de dois milhões e meio de homens sem amigos chegados só no Reino Unido.
Quando se dividem estes resultados por idade, a conclusão a que se chega é que os homens vão perdendo amigos à medida que os anos passam. Se apenas sete por cento dos inquiridos com menos de 24 anos admitiu não ter amigos com quem discutir um assunto importante, esse número aumentou para 19 por cento nos homens acima dos 55.
Depois da aliança no dedo… adeus amizades
Embora o casamento pressuponha uma relação de companheirismo e um apoio para a vida, o estudo mostrou que os homens casados têm os valores mais baixos de apoio fora de casa. Enquanto 11 por cento dos homens solteiros disse não ter amigos a quem recorrer em caso de problema, quando os casados foram questionados o número aumentou para 15 por cento.
O corte com os amigos, conclui o estudo, deve-se ao casamento, uma vez que os homens casados têm duas vezes mais probabilidades de não terem amigos próximos do que os homens que vivem numa união de facto. E o efeito pode ser permanente, já que o divórcio não aumenta as probabilidades de virem a ter amigos chegados.
Sarah Coglan, diretora do Movember Reino Unido, disse ao The Telegraph que “existem provas de que os homens precisam de relações de amizade”, acrescentando que “as pessoas podem passar pela vida sem nunca se aperceberem [da falta de amigos] mas há alturas críticas em que elas precisam de mais do que os pais ou as mulheres para falarem, se quiserem ultrapassar o problema. Estas são as alturas em que se instala o isolamento”.
A Movember Foundation resolveu dedicar alguns dos seus esforços de angariação de fundos a novas iniciativas para ajudar a construir amizades e criar redes de apoio, sobretudo tendo em conta que “os homens não têm o hábito de fazer novas amizades”, diz Sarah, ao contrário das mulheres, que tendencialmente se sentem mais confortáveis em estabelecer novas relações).
Para além de ser importante passar tempo enquanto casal, já sabe: “o investimento feito nas relações é crucial para a saúde mental” por isso há que valorizar também as amizades, perder tempo com elas e enriquecê-las.