45 dias depois do fim do primeiro prazo, os terrenos da antiga Feira Popular voltaram a não ter qualquer interessado. A nova data para a apresentação de propostas para a hasta pública terminou outra vez sem qualquer oferta esta quarta-feira, dia 2. O mesmo tinha acontecido já no dia 19, o que levara a Câmara de Lisboa a avançar com uma nova data parra os possíveis interessados.
Apesar de não terem surgido propostas concretas, a Câmara Municipal de Lisboa diz, em comunicado, ter recebido “três manifestações de interesse firmes e fundamentadas, por parte de investidores devidamente identificados“. Mas o que pedem esses potenciais interessados? Uma nova (a terceira) prorrogação do prazo para “entrega de candidaturas que estão ainda a ser desenvolvidas”.
Sobre esta solicitação, a CML não tomou ainda uma decisão. Avança apenas que “irá avaliar os pedidos e anunciará em breve a decisão sobre o seguimento do processo, tendo em vista a salvaguarda do interesse público e o adequado desenvolvimento da cidade de Lisboa”. Ou seja, o mais certo é que seja considerada uma nova data para concluir um processo que se arrasta há mais de uma década.
A alienação dos terrenos da antiga Feira Popular, situados entre as avenidas das Forças Armadas, da República e 5 de Outubro e com uma área de construção de 143 mil metros quadrados, foi aprovada em julho pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Lisboa que os colocou à venda por 135,7 milhões de euros.
A venda inclui, contudo, algumas recomendações como a preservação da memória do Teatro Vasco Santana, a definição de limites à área de construção para comércio ( não pode ser superior a 25%), serviços e habitação (não pode ser inferior a 25% nem exceder 35% da superfície total), a criação de um plano de acessibilidade pedonal e a existência de áreas verdes (em 30% dos terrenos).
Os terrenos da Feira Popular estiveram na origem de um processo judicial que envolveu a Câmara de Lisboa e a empresa Bragaparques e que se arrastou por vários anos.
Este não é o “momento propício” para vender terrenos da Feira Popular de Lisboa, diz associação
O representante das empresas de mediação imobiliária considerou que este não é o “momento propício” para alienar os terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa, enquanto os moradores esperam que a Câmara não ceda aos “interesses” do setor.
“Acho que o momento não é o momento propício […].É um momento de incerteza política, de algum sobressalto. Os chamados investidores internacionais, até pela dimensão deste investimento, estão um pouco retraídos”, afirmou o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima.
O responsável falava à agência Lusa ainda antes do anúncio do final da tarde da autarquia lisboeta, que informou não ter recebido propostas para comprar os antigos terrenos da Feira Popular por um valor base de 135,7 milhões de euros. Esta era a segunda tentativa de vender os terrenos, após uma primeira hasta sem interessados no final de outubro.
Luís Lima defendeu que a Câmara deve “chamar algumas entidades e personalidades […] e talvez colocar isto de uma maneira completamente diferente”.
“Há uma grande oferta no projeto para não habitacional e eu […] não sei se será o melhor”, apontou, referindo que “se fosse o dono do projeto, orientava-o para [o uso] habitacional, onde há grande procura”.
Numa resposta escrita enviada à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves (PSD), relacionou a falta de interessados com a “ausência de garantias dadas aos promotores/compradores” pelo município.
“Aliás, a Câmara sujeitou o projeto à discussão pública, o que, na perspetiva dos compradores, não dá garantias de que possam realizar os seus projetos sem alterações de terceiros”, criticou o autarca.
Depois de Palhavã, a feira funcionou em Entrecampos de 1961 até 2003. A sua terceira casa vai ser em Carnide.