O New Musical Express (NME), uma das publicações musicais mais seguidas pelos fãs de indie rock, desvendou este domingo quais foram os 50 álbuns de que mais gostaram. Mas quem venceu foi a pop eletrónica de Grimes.

Com apenas 27 anos, Claire Boucher já conta com quatro álbuns no currículo. A canadiana, conhecida no mundo da música como Grimes, lançou o mais recente a 6 de novembro, bem a tempo de poder aparecer nas listas de melhores de 2015. Quando Art Angels saiu, escrevemos: “É talvez o mais ambicioso até à data, no sentido em que estica os limites da pop (sintética) até à fronteira do experimental, num passo dado com inteligência e bom gosto”.

O NME escreve que Art Angels não é o produto de uma artista a tentar encaixar na paisagem pop já existente. É, sim, o som de quem quer moldá-la à sua imagem. Mais: “o melhor álbum do ano, da artista mais excitante de uma geração”.

O segundo melhor disco do ano que agora termina é de Kendrick Lamar, o homem que em 2014 mostrou o que vale ao vivo no NOS Primavera Sound, no Porto. To Pimp A Butterfly chegou pela primavera, com um título que, admitiu, brinca com o livro To Kill a Mockingbird, de Harper Lee. A mistura de hip-hop, jazz, funk, soul e spoken word é uma celebração da herança afro-americana à qual não se resiste. Só a música “Alright” tem 33 milhões de visualizações no YouTube.

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O terceiro melhor disco de 2015 para o NME é In Color, de Jamie xx, produtor e músico britânico tornado célebre pelo projeto The xx. Lançado no final de maio, “é uma viagem sublime pelo vasto oceano da eletrónica”, na companhia de amigos como Young Thug.

E eis que, no quarto lugar, chegamos ao rock. O disco de estreia dos britânicos Wolf Alice, My Love Is Cool, merece um dos lugares cimeiros pela originalidade. Generoso nos elogios, quando o álbum saiu em junho, a publicação chamou-lhe “o epítome rock de um século 21 pan-cultural e facilmente a estreia da década até ao momento”. Vale a pena ouvir.

A fechar o top cinco estão os australianos do momento. Com Currents, os Tame Impala puseram em prática o lema “quem não arrisca não petisca” e, mesmo correndo o risco de dividir a legião de fãs que tinham conquistado até aí com o rock psicadélico, arriscaram incorporar elementos synth-pop. Numa das canções do terceiro disco, “Yes I’m Changing”, Kevin Parker diz tudo. “They say people never change, but that’s bullshit”. Uma vénia a quem, na arte, não se refugia no seguro, que morreu de velho.