Os cinco melhores
Josefa de Óbidos e a invenção do Barroco português (Museu Nacional de Arte Antiga)
A minha primeira escolha vai para o catálogo da exposição de Josefa de Óbidos, no Museu de Arte Antiga, para destacar também o magnífico trabalho do seu director e da sua muito motivada equipa ao longo de 2015. O catálogo-livro aborda a pintura de Josefa baseado em novas e decisivas pesquisas de historiadores de arte, mas é também exemplar na abertura às perspectivas de historiadores como Diogo Ramada Curto e Filipa Lowndes Vicente.
Minha formação, de Joaquim Nabuco (Glaciar)
Merece ser destacado o livro de Joaquim Nabuco publicado pela Glaciar, com um estudo de João Pereira Coutinho. Pela centralidade do autor e pelo que esta edição representa de convite a sabermos mais sobre o Brasil e as suas figuras cimeiras, com as quais deveríamos ter uma proximidade tão visceral como as relações históricas e culturais entre os dois países.
Freya das sete ilhas, de Joseph Conrad (Sistema Solar)
Valorizo também o livro de Joseph Conrad traduzido por Aníbal Fernandes. O trabalho persistente e informado deste tradutor que escolhe o que lhe interessa e o comenta em prefácios pessoalíssimos de grande categoria, numa acção discreta mas muito consistente, é coisa raríssima entre nós que não pode passar despercebida.
Roberto Nobre, de Jorge Silva (INCM)
Num ano de Orpheu a torto e a direito, escolho um livro da colecção D, dirigida por Jorge Silva (INCM), sobre o modernista esquecido Roberto Nobre, um designer gráfico e ilustrador que o tempo eclipsou injustamente.
Editor contra: Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite, de Pedro Piedade Marques (Montag)
Na mesma linha, o livro de Pedro Piedade Marques sobre o editor Fernando Ribeiro de Mello, que acaba de sair — e teve pré-publicação no Observador. Uma história cultural a partir do meio editorial e das suas figuras (para mais, num tempo adverso mas com resistentes audazes e divertidos) não podia ser mais do meu agrado.
O pior
Os universos da crítica, de Eduardo Prado Coelho
A ovelha negra desta escolha é um tijolo datadíssimo e inútil de Eduardo Prado Coelho, que a Imprensa Nacional decidiu publicar e a dois ou três interessará — em vez de perceber que o que realmente importa fazer pela memória do malogrado comissário cultural é compilar e editar as suas crónicas. Mas isso implica melhor juízo e um grande trabalho de fundo, que não é para todos…
[Veja nesta fotogaleria as capas dos livros escolhidos por Vasco Rosa]