O primeiro alerta sobre o Banif chegou apenas em outubro de 2015 pela voz do auditor PricewaterhouseCooper (PwC), avança a edição desta terça-feira do jornal Público. O Banco de Portugal (BdP) foi avisado dos riscos que existiam caso a solução para os problemas financeiros da instituição liderada por Jorge Tomé fosse adiada.

O aviso levou o BdP a pedir uma solução ao Banif: que apresentasse um investidor para capitalizar o banco até meio de dezembro. E também chegou à ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Já depois das eleições de 4 de outubro, o governador do BdP, Carlos Costa, escreveu uma carta à ex-ministra a explicar os problemas do Banif e a pedir-lhe uma solução.

Maria Luís Albuquerque terá respondido a Carlos Costa “em tons duros”, porque o tema deveria estar a ser tratado por ambas as instituições: ministério das Finanças e BdP. Questionado pelo jornal Público, o gabinete de Carlos Costa não quis tecer comentários.

A história começa em dezembro de 2012, quando o banco foi alvo de uma intervenção estatal: uma injeção de capital de 700 milhões de euros. Contudo, dois anos depois, a última tranche de 225 milhões não foi paga ao Estado. Além do incumprimento com o Estado, a PwC avisou as entidades sobre a exposição do Banif ao imobiliário: o banco detém uma carteira de 1500 milhões de euros em imóveis.

Carlos Costa pediu a Jorge Tomé que encontrasse um investidor privado que recapitalizasse o banco, algo que em março o banco já tinha pedido às autoridades, solicitando que fosse aberto um concurso público de venda do banco, mas o pedido foi recusado – coincidia com as operações que estavam a ser desencadeadas na altura para vender o Novo Banco.

Na segunda-feira, a Federação do Setor Financeiro pediu uma reunião com caráter de urgência ao Banif. O atual Governo quer que o processo esteja encerrado antes da entrada em vigor da nova diretiva europeia do resgate bancário, a 1 de janeiro de 216. Com a nova diretiva, os bancos terão de recorrer primeiro aos seus credores, onde se incluem os depositantes com mais de 100 mil euros na instituição.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR