A redução da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) tem sido a medida mais difícil de negociar à esquerda. A redução em dois anos (2016 e 2017) proposta pelo PS é igual à proposta que foi feita pelos dois partidos de direita em campanha eleitoral. Isto significa que, na teoria, o PS podia aprovar esta medida sem PCP, BE e Os Verdes. A simples abstenção destes partidos permitiria a viabilização da proposta socialista. Mas o Observador sabe que entre PS e PSD não houve nenhuma conversa.
Terça-feira, os partidos de esquerda chegaram a acordo sobre a redução da sobretaxa de IRS, mas a questão da CES ficou em aberto com o PCP a reiterar a eliminação imediata desta medida extraordinária. Junto do PSD e do CDS não foi possível obter resposta quanto ao sentido de voto (hoje há votações indiciárias na comissão) uma vez que os partidos de direita esperavam para saber se a proposta original socialista ainda iria sofrer alterações fruto das negociações à esquerda.
Esta quarta-feira, na comissão de Finanças, quando se esperava que fosse feita a votação na especialidade da CES, o PS apresentou um requerimento para que o diploma fosse discutido só na sexta-feira em plenário, evitando assim que se percebesse hoje qual o desfecho.
A convergência das promessas eleitorais do PS, PSD e CDS tem feito com que a esquerda apareça com uma posição mais dura nas negociações com o PS. Há ainda outra possibilidade se as conversas com o PCP não correrem bem: a aprovação de uma nova CES com BE, Verdes e PAN.
Esta semana, três matérias importantes sobre prolongamento de medidas extraordinárias estão em discussão e serão votadas em plenário na sexta-feira: cortes salariais na função pública, CES e sobretaxa de IRS. Sobre os salários da função pública, ainda não se conhece o acordo, sendo que o PS queria que a reposição fosse feita ao trimestre durante o ano de 2016.