Subitamente, a exploração espacial pode ter-se tornado muito mais barata.
A SpaceX conseguiu finalmente fazer regressar e aterrar um foguetão na vertical. Este avanço abre a porta à exploração espacial muito mais barata e exequível. Era o grande objetivo da empresa – todas as três anteriores tinham falhado, mas desta o sucesso foi finalmente atingido. Reveja o momento, a começar no minuto 30:45
Eis a aterragem de outro ponto de vista, em que é visível a notável precisão e estabilidade, quando comparada com o vídeo desta tentativa anterior.
Poucas horas depois, Elon Musk já inspecionava o foguetão de perto:
Live video from LZ-1 pic.twitter.com/Ve6gEXfOdh
— Elon Musk (@elonmusk) December 22, 2015
Também os 11 satélites da Orbcomm que levava a bordo foram colocados com sucesso nas suas órbitas, naquilo que era a missão principal mas a menos interessante, não fosse o facto de a última missão comercial da SpaceX, em junho deste ano, se ter desintegrado à volta do primeiro minuto de voo. Antes de junho, todas as 20 missões comerciais tinham decorrido sem incidentes de maior, pelo que a missão de hoje teve ainda mais importância na afirmação desta jovem empresa.
O feito conseguido é notável a todos os níveis. A manobra é perfeita porque implica que a nave retorne e aterre na vertical numa pequena plataforma, os efeitos económicos são tremendos porque permitem a reutilização de material extremamente caro que assim se pode reaproveitar – tornando as viagens espaciais muito mais baratas. Este foi apenas o primeiro teste bem sucedido mas permite antecipar cenários bem mais otimistas para o futuro da exploração espacial.
https://twitter.com/ChrisKrupiarz/status/679115880991752192
A empresa introduziu algumas alterações que terão contribuído para este sucesso. Desde logo a plataforma de aterragem, que foi em terra (ao contrário das anteriores que era no mar e por isso mais instável). Mas também e principalmente o novo foguetão com um motor mais poderoso e controlável, que permite manobras mais rigorosas. Esta foi também a quarta tentativa de VTVL (Vertical Takeoff and Vertical Landing), pelo que a experiência acumulada terá certamente ajudado.
Elon Musk publicou, meia hora antes do arranque desta missão, um artigo no site da empresa em que explica em detalhe os desafios de tal feito.
Um foguetão como este Falcon 9 pode custar 16 milhões de dólares, mas o combustível para uma missão deste género é apenas de 200 mil dólares. Ao recuperar os foguetões, a empresa pode poupar a grande fatia do orçamento dos lançamentos, tornando mais eficiente toda a exploração espacial.
Ao mesmo tempo volta a dinamizar a conquista do espaço, naquela que é também uma corrida de milionários: A Blue Origin de Jeff Bezos, fundador da Amazon, já tinha conseguido fazer aterrar um foguetão na vertical. Mas o feito da SpaceX de Elon Musk é bastante mais impressionante.
Enquanto o regresso da Blue Origin abre a porta ao turismo espacial mais acessível (limitado a alguns minutos no limite do espaço, antes de a gravidade obrigar o foguetão a voltar – não é um sistema que possa colocar objetos ou pessoas em órbita), a SpaceX abriu hoje a porta a uma revolução na indústria espacial, cujo valor anual rondará os 300 mil milhões de euros segundo o Wall Street Journal.
O derradeiro objetivo desta missão era a colocação em órbita dos satélites Orbcomm. E também isso correu bem: os satélites foram libertados no momento certo e entraram em funcionamento durante a madrugada. Ao som de “USA, USA” e de palmas em todo o centro de missão terminou a transmissão do evento que ocorreu em direto para todo o mundo a partir do site da empresa.