O uruguaio Eugenio Figueredo, ex-presidente da confederação sul-americana de futebol e vice-presidente da FIFA extraditado na quinta-feira da Suíça para o Uruguai, reconheceu a existência de corrupção na Conmebol, indica o relatório do procurador divulgado hoje. Segundo Juan Gomez, as declarações de Figueredo perante a justiça uruguaia, na quinta-feira, evidenciaram que, “desde que era membro do comité executivo da Conmebol, recebeu grandes quantidades de dinheiro, segundo os estratagemas urdidos por diversos membros da confederação, com o objetivo […] de manter uma forma distorcida de corrupção”.

Como responsável pelo processo, o Figueredo procurava “legalizar o dinheiro e distribui-lo facilmente” através de “uma rede de corrupção que atingiu o futebol sul-americano e gozou de total impunidade durante décadas”, de acordo com o texto publicado no sítio da Internet do Ministério Público do Uruguai. Este esquema permitia “evitar concursos ou novos contratos para a comercialização dos direitos televisivos de vários torneios organizados pela Conmebol”.

“Ele admite claramente que estas ações causaram danos a clubes e jogadores profissionais no Uruguai, reduzindo significativamente os montantes que recebiam”, prosseguiu o procurador, que recebeu, em 24 de dezembro de 2013, uma queixa dos clubes e do sindicato uruguaio de jogadores profissionais e de vários dirigentes. Figueredo chegou ao Uruguai na quinta-feira e passou a noite de Natal na prisão, depois de a juíza responsável pelo caso, Adriana de los Santos, ter acedido à pretensão do procurador para que o antigo dirigente aguardasse o julgamento em detenção.

O uruguaio, de 83 anos, vai responder pelos crimes de fraude e branqueamento de capitais, punidos com penas entre os dois e os 15 anos de prisão, mas, devido ao seu débil estado de saúde, poderá cumprir a pena em prisão domiciliária, que deverá ser requerida pela sua defesa. Figueredo foi um dos dirigentes da FIFA detidos a 27 de maio, em Zurique, na sequência da colaboração entre as instâncias judiciais suíças e norte-americanas, que acusa os responsáveis do organismo regulador do futebol mundial de terem aceitado subornos e comissões desde os anos 90, em troca de favores.

No mesmo dia em que efetuou as detenções, o Ministério Público suíço abriu uma investigação por alegados atos de corrupção nos processos de escolha dos países organizadores dos Mundiais de futebol de 2018, atribuído à Rússia, e 2022, ao Qatar. Dois dias mais tarde, a 29 de maio, Blatter foi reeleito para um quinto mandato consecutivo à frente da FIFA, mas acabou por se demitir, na sequência do escândalo de corrupção que atingiu o organismo, tendo sido depois suspenso provisoriamente, enquanto decorre um inquérito interno. O ex-dirigente estava a ser ‘disputado’ pelas autoridades judiciais do Uruguai e dos Estados Unidos, mas a investigação suíça deu prioridade ao seu país de origem. Figueredo foi vice-presidente da Conmebol entre 1993 e 2013, ano em que se tornou presidente do organismo. Presidiu também à federação uruguaia entre 1997 e 2006.

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