Hotel Rural Vale do Rio
“Não há barulho, não passam aviões, não passam carros”, ouve-se alguém dizer assim que se chega ao hotel de quatro estrelas, em Palmaz, escondido no coração de um vale. O barulho do trânsito e das gentes ficou para trás porque, daqui em diante, é o verde e o silêncio que nos espera. O duo não é coisa do acaso e está na origem do Vale do Rio que abriu em 2011 para ser, segundo dizem, o primeiro eco hotel 100% sustentável no país. A unidade vai buscar à natureza a força de que necessita para funcionar — à energia solar, de biomassa, fotovoltaica e ainda a uma hídrica (pequena central hidroelétrica) datada do século XIX que aí ficou à espera de uma nova vida.
Mas a vertente verde da unidade é, a olho nu, coisa do exterior. Em redor do relativamente pequeno hotel, composto por 30 quartos que se distribuem por dois pisos e cuja decoração se inspira nos quatro elementos (ar, fogo, água e terra), está um cenário verdejante como poucos, com o rio Caima a acompanhar. A pensar nisso, o Vale do Rio convida os seus hóspedes a viajarem para lá de um portão verde que ainda vai demorar a enferrujar — do outro lado está um trilho pedestre, onde o caminho de aproximadamente uma hora (ida e volta) se faz por entre árvores, arvoredos e folhas geometricamente imperfeitas caídas pelo chão. Tudo na companhia das águas calmas de um rio também ele aparentemente calmo.
Preços a partir de 80 euros por pessoa em quarto duplo (pequeno-almoço incluído).
Parque Temático Molinológico
Há moinhos de água centenários ao longo dos rios Antuã e Ul, uma paisagem digna de um romance bucólico — com o correr da água a colar-se aos ouvidos –, mas também o cheiro a pão acabado de fazer. No Parque Temático Molinológico, em Ul, facilmente se encontram senhoras cujo vício das mãos é há muito o amassar da massa. Em causa está sobretudo a produção do pão de Ul, fabricado nos fornos aquecidos a lenha, e da regueifa que, feita com a mesma massa do pão, apresenta uma forma circular e um palato doce.
Natalina, uma das padeiras de serviço, é quem partilha a arte de confecionar pão de Ul, que tem na receita mágica ingredientes tão básicos como farinha, água, sal e “um bocadinho de fermento”. Feita a mistura, a mão vai à massa durante cerca de 30 minutos para, depois, esta “ficar outro tanto a sarar” (como quem diz uns 15 a 20 minutos). De seguida, vira-se a massa e deixa-se mais um tempo a “levedar” — palavra que, reclamam as padeiras, não faz parte do vocabulário de quem trabalha o pão; há, ao invés, expressões mais populares para explicar o processo. “Dizemos que as bolinhas de pão [juntas aos pares] estão a namorar e só depois vão para o forno casar. Os nossos avós ensinaram-nos assim.” Entrando no forno, espera-se cerca de 30 minutos até que o produto final saia cheio, quentinho e pronto a trincar.
Bar da Vadia
De tanto vadiar, três amigos criaram um negócio. A lengalenga da cerveja artesanal Vadia que trouxe sucesso a Nicolas Billard, Nuno Marques e Víctor Silva não é propriamente nova. Já antes o Observador dedicou-se a contar a história de como a cerveja inicialmente produzida por desporto em casa dos sogros de Nicolas, que é mestre cervejeiro, arrecadou prémios atrás de prémios e encontrou o seu lugar num mercado emergente. Atualmente existem sete variedades de cerveja — Loira, Trigo, Preta, Ruiva, Rubi e Extra, sem esquecer a gama Orgânica –, bem como um novo local onde as provar.
O BrewPub abriu as portas ao público no passado dia 26 de dezembro para proporcionar diferentes momentos: além das visitas à fábrica (2 a 3 euros por visitante, com degustação e oferta de copo incluída; funciona por marcação), a proposta é sentar-se à mesa de um bar para degustar as “vadias” que por lá andam (todas as cervejas são servidas frescas, diretamente das cubas sem pasteurização), bem como petiscar algumas especialidades da casa. E onde há bebida e comida há também música, com o BrewPub a ser ao mesmo tempo uma sala de concertos graças ao palco de 30 metros quadrados que dali não vai arredar pé.
O BrewPub abre todas as sextas e sábados, coincidindo sempre com espetáculos ao vivo previamente agendados. Rua Comendador Artur José G. Barbosa, 576, Ossela, Oliveira de Azeméis Tel.: 256 482 151
Parque de La Salette
Em 2009 completou 100 anos de existência, coisa que ninguém diria. No parque que é considerado o ex-líbris de Oliveira de Azeméis o passar do tempo é invisível: a flora parece viva e jovem ao longo dos 17 hectares de terreno verdejante. Pelo meio há carreiros desenhados no chão e pequenos lagos que brotam não se sabe bem de onde — o plano do parque, esse, foi responsabilidade de Jerónimo Monteiro da Costa, paisagista do século XIX. Mas são também as paisagens circundantes que impressionam e que fazem do La Salette um miradouro com vista para vários pontos de referência: desde São João da Madeira, a norte, à mancha florestal de Albergaria, a sul.
É ainda por aqui que se dá de caras com um santuário dedicado a Nossa Senhora de La Salette (apesar de ter aberto as portas em 1932, veio substituir uma capela primitiva do século anterior). À partida esta poderia ser só mais uma igreja, mas há uma história curiosa que aguça a curiosidade às muitas pessoas que a visitam: no interior está um dedo humano preservado em álcool à vista de todos a lembrar os tempos em que a capela era roubada das suas muitas preciosidades. O dedo pode ser pequeno, mas não deixa de fazer confusão e de puxar um “urgh” lá bem do fundo das cordas vocais.
Berço Vidreiro
O som das labaredas faz-se ouvir assim que se entra no Berço Vidreiro na Casa das Heras, a funcionar no Parque de La Salette. Ao fundo, depois de expostas as peças de vidro coloridas e de diferentes feitios, está um forno improvisado com o Sr. Morgado no comando. É neste espaço que se dá a conhecer aos visitantes uma atividade que durante cinco longos séculos ajudou a representar o concelho — a produção ao vivo é assegurada todos os dias pelo artesão que, volta e meia, vira-se de costas para a audiência e entrega-se ao suor que a arte do vidro acarreta.
São muitos anos de experiência, pelo que não é de estranhar que a matéria esteja toda na ponta da língua para aluno ouvir: “A matéria-prima para fazer o vidro é areia, soda, borax, dolomite e sílica. Sem areia não se faz vidro. É como fazer um bolo, mas em vez de farinha usamos a areia.” O forno precisa de estar a funcionar a 1500 graus, diz Morgado, e o vidro fica a fundir no seu interior durante sete horas seguidas. A isso acrescenta-se o processo de afinação (mais três horas), um período de repouso e finalmente a colha — “A gente não diz que vai buscar o vidro ao forno, mas sim que vai colher o vidro. No final há flores, jarras ou presépios feitos de vidro.
Aberto de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 12h30 e das 14h30 às 18h00.