A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou nesta segunda-feira que o vírus zika, transmitido por picada de mosquitos infetados e associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, vai continuar a espalhar-se pelo continente americano.
O vírus está neste momento presente em 21 dos 55 países do continente americano, referiu a agência das Nações Unidas num comunicado, acrescentando que a situação é “um sério motivo de preocupação”. Segundo a OMS, o mosquito Aedes aegypti, que pode igualmente transmitir o dengue e a febre chikungunya, está presente em todos os países do continente, à exceção do Canadá e do Chile.
Perante tal cenário, a OMS “antevê que o vírus zika vai continuar a espalhar-se e, provavelmente, atingir todos os países e territórios da região onde o mosquito está presente”.
“A rápida expansão do vírus zika a novas zonas geográficas, onde a população regista baixos níveis de imunização, é um sério motivo de preocupação, especialmente devido à possível ligação entre a infeção durante a gravidez e bebés que nascem com microcefalia”, declarou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, durante uma reunião do comité executivo da organização em Genebra.
A representante realçou que “a relação de causa e efeito entre a infeção do zika durante a gravidez e a microcefalia ainda não foi estabelecida”, mas acrescentou que “as provas circunstanciais são muito preocupantes”.
O aumento significativo de casos na América Latina, nomeadamente no Brasil, país que será anfitrião este ano dos Jogos Olímpicos, levou os Estados Unidos e a outros países a emitirem um alerta para que grávidas evitem viajar para a região.
No ano passado, 3.174 casos de microcefalia em recém-nascidos foram registados no Brasil, indicou o Ministério da Saúde brasileiro, precisando que os casos estão ligados ao vírus zika, contraído pela mãe. Em períodos anteriores, existiam em média 160 casos por ano. As autoridades da Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica também aconselharam as mulheres a não engravidar durante os próximos dois anos.
Em termos de prevenção, a OMS defende que as pessoas devem evitar sobretudo áreas onde existem águas estagnadas (zonas onde abundam mosquitos), utilizar repelentes e usar mosquiteiros para dormir. De acordo com a agência das Nações Unidas, o vírus é transmitido pelo sangue. “Um caso de transmissão por via sexual foi assinalado”, indicou a OMS, realçando, no entanto, serem necessárias mais provas para determinar se o vírus é transmitido através de contacto sexual.
Não existe um tratamento específico ou uma vacina para esta doença, apenas tratamentos para os sintomas. Os sintomas são muito semelhantes aos de uma gripe normal (febre, dor de cabeça, dores no corpo). Os doentes também sofrem de erupções cutâneas. Os sintomas manifestam-se geralmente entre três a 12 dias após a picada do mosquito.